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São pequenos, são silenciosos, mas podem criar uma crise de saúde pública. A dimensão real pode ser muito maior do que se sabe.
“A real dimensão deste problema é provavelmente muito maior do que as estatísticas sugerem”.
Os escorpiões estão a invadir diversas cidades do Brasil. Estão a “tomar conta” do Brasil, numa “silenciosa e crescente crise de saúde pública“, lê-se num novo estudo publicado na semana passada na Frontiers in Public Health.
Os números oficiais – que podem nem revelar o cenário real – já são preocupantes: entre 2014 e 2023, os casos aumentaram mais de 250% (quase triplicaram).
Ao todo, ao longo dessa década, foram registados quase 1.2 milhões de casos. E as projeções deste estudo apontam para um aumento contínuo, com estimativa de mais de 2 milhões de casos até 2033.
“Nos últimos anos, o crescimento foi exponencial. É uma crise silenciosa, porque não está a receber a atenção devida”, avisa a professora Manuela Pucca, em entrevista ao Jornal da Universidade de São Paulo.
A taxa de mortalidade é muito baixa (0.06%) mas há outros perigos associados a picadas de escorpiões, sobretudo para crianças, idosos e pessoas com problemas cardíacos.
A pessoa picada tem de ser atendida rapidamente. As neurotoxinas das peçonhas de um escorpião são muito pequenas e espalham-se muito rapidamente pelo organismo.
A partir do momento em que essas toxinas chegam aos seus alvos, o soro anti-escorpiónico é menos efetivo, e o tratamento é só dos sintomas, por não ser possível alcançar a toxina.
Como vivem na rede de esgoto das cidades, o contacto com escorpiões não depende da higiene das pessoas em casa. E é um contacto cada vez mais frequente (no lixo, no saneamento inadequado) devido à falta de urbanização em cidades brasileiras.
Podem sobreviver 400 dias sem comer, adaptando-se facilmente ao ambiente urbano quente e escuro nas redes de esgoto. Também podem aparecer em apartamentos muito altos – sobem pelos canos.
Além disso, as mudanças climáticas (verões mais quentes e períodos alternados de chuvas intensas e seca) facilitam a proliferação das populações das espécies.
A espécie Tityus é a mais preocupante: T. serrulatus, T. bahiensis, T. stigmurus e T. obscurus conseguem causar um envenenamento preocupante.
Há algumas dicas para diminuir o risco de uma picada de escorpião: não deixar objetos no chão, colocar redes nas janelas, evitar que cortinas ou lençóis se arrastem no chão, manter móveis afastados de paredes (em onas próximas de matas ou terrenos baldios) colocar azulejos ou outros materiais lisos à volta de muros para impedir que os escorpiões subam, e vedar todas as entradas e saídas de esgoto para evitar que os escorpiões entrem.
No início deste ano, uma criança de 3 anos morreu em Jaguariúna (São Paulo); foi picada por um escorpião que estava dentro de uma das suas galochas.
Mas este já é um problema global: chega a diversas zonas de África, Médio Oriente, sul da Índia, América Latina… No Brasil, Paraguai, Bolívia, México e Venezuela, o aumento de casos tem sido alarmante nas últimas décadas.



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