“Devemos apostar fortemente em ações preventivas, promover a proximidade entre a polícia e as comunidades. Precisamos de enfrentar diretamente as causas estruturais da criminalidade, como o desemprego jovem, a exclusão social e a falta de oportunidades económicas”, afirmou a deputada Carla Lima, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na sessão de abril, que decorre até sexta-feira.
“Sem uma abordagem que trate estas questões de fundo, nenhuma política de segurança terá sucesso duradouro”, frisou.
A deputada apontou também a importância de investir em programas que incentivem a colaboração dos cidadãos com a justiça.
“Devemos promover campanhas permanentes de sensibilização sobre a importância das denúncias e da proteção dos direitos das vítimas. A segurança é um direito fundamental, não um privilégio. Cabo Verde precisa de um Governo responsável, transparente e verdadeiramente comprometido com a segurança dos seus cidadãos”, acrescentou.
Na mesma intervenção, Carla Lima alertou para o aumento de assaltos a residências e estabelecimentos comerciais na cidade da Praia, com relatos de violência que têm gerado medo na população.
Apesar de o Governo ter destacado as quase 255 mil patrulhas realizadas em 2023, que resultaram em 4.205 detenções, a deputada questionou a eficácia destas operações.
“Se tantas operações foram feitas, por que razão o sentimento de insegurança continua a prevalecer nas comunidades”, questionou, defendendo uma abordagem mais estratégica, planeada e ligada ao trabalho comunitário.
Também o deputado António Monteiro, da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), considerou urgente uma resposta firme do Governo à criminalidade.
“A responsabilidade de garantir a estabilidade emocional e a segurança das pessoas é do Governo. Isso é fundamental para termos mais gente na rua, maior dinamismo económico e bem-estar para as famílias e quem nos visita. É uma situação que exige uma posição firme”, declarou.
Já o deputado Celso Ribeiro, do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), disse que a segurança deve ser um tema que una os cabo-verdianos, rejeitando que se criem alarmismos com base em casos pontuais.
“Reconhecemos que, pontualmente, têm surgido sinais de insegurança, como acontece em todo o mundo e em qualquer período da governação em Cabo Verde”, afirmou, acrescentando que o Governo está empenhado em garantir a segurança da população.
Em março, o diretor da Polícia Nacional anunciou que Cabo Verde registou uma redução de 10% na criminalidade em 2024, com 22.524 ocorrências, menos 2.314 do que em 2023.
De acordo com a mesma fonte, nos últimos dez anos houve uma redução acumulada de 11% nas ocorrências criminais no país.
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