As gangues do Haiti tomaram a última estrada de saída da capital, Porto Príncipe, que ainda não estava totalmente sob controle de grupos criminosos e avançaram em novas áreas da cidade, aprofundando a onda de violência.
Em dicurso no Conselho de Segurança da ONU, nesta segunda-feira, a chefe do Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti, Binuh, disse que ataques coordenados têm o objetivo de expandir o controle territorial e minar a autoridade do Estado.
Quinta fuga de presos
María Isabel Salvador relatou que recentemente, gangues tomaram a cidade Mirebalais, a 60km da capital. Durante o ataque, mais de 500 detentos foram libertados na quinta fuga de unidades prisionais em menos de um ano.
Ela ressaltou que isso faz parte de um esforço deliberado para “consolidar o domínio, desmantelar instituições e incutir medo”.
Somente em fevereiro e março, 1.086 pessoas foram mortas e outras 383 ficaram feridas. Segundo a Organização Internacional para Migrações, OIM, mais de 60 mil pessoas foram deslocadas à força nos últimos dois meses, somando-se ao milhão de haitianos desabrigados até dezembro de 2024.
María Isabel Salvador enfatizou que a escala e a duração da violência sobrecarregam a Polícia Nacional Haitiana, apesar do apoio das Forças Armadas do Haiti e da Missão Multinacional de Apoio à Segurança.
Vendedores cercados por lixo vendem produtos em Porto Príncipe, Haiti
Necessidade de financiamento e capacidade operacional
Ela disse que uma avaliação “franca, responsável e honesta” da situação indica que nem mesmo todo o esforço do governo haitiano será suficiente para reduzir a intensidade e a violência dos grupos criminosos.
Por isso, a chefe da Binuh declarou que o apoio internacional ao Haiti é “mais crucial do que nunca”, particularmente por meio do aumento do financiamento e da capacidade operacional da Missão Multinacional de Apoio à Segurança, aprovada pelo Conselho de Segurança.
A representante da ONU elogiou a liderança do Quênia e aos demais países que enviaram tropas, mas pediu que outros Estados-membros contribuam com a missão, “não por uma questão de escolha, mas por necessidade, visto que não resta alternativa viável”.
Desafio para as intervenções da ONU
À medida que a crise de segurança afeta todos os aspectos da vida no Haiti, a presença da ONU também está ameaçada. O isolamento contínuo da capital, devido à suspensão de voos comerciais desde novembro de 2024 e ao bloqueio do acesso rodoviário, continua sendo o maior desafio operacional.
O Binuh e as agências da ONU tiveram que adotar modalidades híbridas de assistência e reduzir a presença em Porto Príncipe.
María Isabel Salvador alertou que sem financiamento suficiente e previsível, as operações da ONU podem ser ainda mais reduzidas, no momento em que o país mais precisa de ajuda.
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