Foi na noite do 4 de dezembro de 2004, em Yokohama, no Japão, que o Once Caldas-COL ficou por um triz de ser campeão do mundo. A derrota de 8 a 7 para o Porto-POR, na disputa por pênaltis, decretou o capítulo final de uma trajetória que mais parecia um sonho para os torcedores do clube. Nesta terça-feira, a equipe comandada por Hernán Darío Herrera enfrenta o Fluminense às 21h30, no estádio Palogrande, pela primeira rodada do Grupo F da Sul-Americana. A situação do adversário do tricolor, entretanto, é bem distinta de 21 anos atrás.
A participação do Once Caldas marca sua volta aos torneios continentais, após cinco temporadas. Na última delas, justamente na fase prévia do torneio, quando acabou eliminado pelo Deportivo Santaní-PAR. Situação intrigante para um time que já foi dominante no futebol colombiano e que conquistou a Libertadores de 2004, numa das maiores zebras da história da competição.
Não é fácil entender como um clube que viveu a maior glória, em um passado não tão distante, passou a comemorar apenas o fato de se classificar para Sul-Americana. Gerson Arias Henao, repórter do “Pasión Blanca” — página que cobre o dia a dia do clube — explica que más gestões em sequência foram determinantes para uma mudança de rota. Não à toa, a instituição foi comprada pela Kenworth em 2012, tornando-se uma SAF. Ele ainda ressalta que o último presidente, Tulio Mario Castrillón (2016-2024), foi o “pior de todos”.
— O Once Caldas tem diretores que sabem pouco sobre futebol, mas que têm dinheiro. Então, eles administram o clube apenas como um negócio, como uma empresa. E sabemos que para administrar uma equipe de futebol e para obter resultados esportivos, é necessário entender de futebol — disse Gerson.
Apesar de ter chegado ao ápice histórico em 2004, o Once Caldas ainda viveu bons anos no cenário nacional. Era uma equipe que estava sempre brigando pelos títulos e inclusive levou o do Campeonato Colombiano em 2009 e 2010. Esses, entretanto, foram conquistados às custas do seu futuro. O presidente que assumiu após ser campeão da Libertadores, Jairo Quintero, saiu da função em 2009. E deixou o clube para um empresário de Manizale que começou, principalmente em 2010 e 2011, a investir demais, gastando um dinheiro que não tinha, pagando salários escandalosos, o que levou à falência dele.
O Once Caldas sentiu o peso de viver “mal das pernas” financeiramente por anos, e a grande preocupação já não passou a ser mais os títulos, e sim o risco de rebaixamento. Gerson Arias Henao afirmou que o cenário só mudou na temporada passada. O jornalista atribuiu a evolução da equipe a dois personagens, principalmente: ao treinador Hernán Darío Herrera — que entrou na função como interino e foi efetivado com os bons resultados —, e ao o diretor de futebol Felipe Gutiérrez, e o treinador Hernán Darío Herrera — que entrou na função como interino e foi efetivado com os bons resultados.
— Acho que a equipe hoje tem uma base muito sólida de jogadores. Enquanto essa base for mantida, poderá manter a possibilidade de permanecer disputando torneios internacionais daqui para frente. Há cinco ou seis jogadores que foram ótimas contratações. E foi o Felipe que acertou precisamente ao trazer esses jogadores — opinou.
O Once Caldas faz um início de ano mediano, e vinha de três derrotas e um empate nos últimos quatro jogos. No entanto, a última vitória sobre o Llaneros, pela 16ª rodada do Campeonato Colombiano, deu uma dose de ânimo para o próximo confronto.
Crédito: Link de origem