O problema de Angola não são as tarifas, o problema de Angola é o preço do petróleo – RDP África

Angola naturalmente que não escapou à fúria tarifária de Donald Trump. Segundo a tabela dos países e as respectivas tarifas, Trump decidiu aplicar a Angola uma tarifa de 32%. Uma retaliação supostamente contra as más práticas comerciais de Angola, entre essas más práticas estará a manipulação da taxa de câmbio, estarão restrições às importações de produtos estrangeiros, que não é só para os Estados Unidos, é relativamente a todos os países. Angola tem assumidamente uma política proteccionista, supostamente para defender a produção interna.

Mas, enfim, esta coisa das tarifas não afeta basicamente a Angola. O que acontece é o seguinte: Angola exporta para os Estados Unidos só petróleo e o petróleo está fora das tarifas. Portanto, isto pode afetar eventuais exportações que a Angola possa vir a fazer, mas para já e por enquanto não afeta porque a única coisa que a Angola exporta para os Estados Unidos é petróleo e o petróleo está fora das tarifas.

De resto, os Estados Unidos não são um grande cliente de Angola, são apenas o nono cliente, compraram a Angola em 2024 a volta de 800 milhões de dólares. E mais do que isso, os Estados Unidos até nem tem muito o que se queixar de Angola, porque ao contrário do que acontece com o resto do mundo, os Estados Unidos têm um superavit com Angola, isto é, exportam mais para a Angola do que importam. Eu disse importam os tais 800 milhões de dólares de petróleo, mas exportam para a Angola a volta de 850 milhões de dólares.

Portanto, até têm um superavit com a Angola. Portanto, o problema dos Estados Unidos não é naturalmente Angola e, portanto, nem Angola vai sofrer muito com as tarifas. O problema da Angola é um efeito indireto.

Estas tarifas estão a provocar receios de recessão, esses receios de recessão significam naturalmente menos crescimento, menos procura do petróleo e a Angola vive do petróleo. 95% das exportações são petróleo, mais de 30% da economia, do PIB é petróleo, à volta de 60% das receitas do Estado são petróleo e, portanto, o problema da Angola não são as tarifas. O problema da Angola são os efeitos que as tarifas estão a causar na economia mundial e esses efeitos são efeitos recessivos e se houver recessão, os preços podem descer.

Isto do lado da procura. Do lado da oferta, a máxima de Trump drill, baby drill e, portanto, isto faz com que também possa haver mais oferta do petróleo. Esse é o problema da Angola.

E porquê que é o problema? Angola tem um Orçamento Geral do Estado de 2025 com um preço de petróleo de 70 dólares. E agora, por exemplo, nesta altura o petróleo está a 65 dólares e, portanto, vai ter menos receitas do petróleo, vai ter menos PIB vindo do petróleo, vai ter menos exportações vindas do petróleo. Este é que é o verdadeiro problema de Angola.

Não são as tarifas em si, mas os problemas que as tarifas estão a causar na economia mundial, designadamente a descida do preço do petróleo. É por aí que Angola é afetada.

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