O universo fitness tem crescido nos últimos anos, com novas pessoas exercendo influência no meio, campeonatos de fisiculturismo e eventos de reunião e celebração desse estilo de vida. Por outro lado, há quem seja crítico a certos aspectos desse mundo.
É o caso de Bruno Gualano, professor e pesquisador do Centro de Medicina do Estilo de Vida da Faculdade de Medicina da USP e colunista da Folha de São Paulo. Em conversa com a jornalista Letícia Lopes no quadro Segunda Entrevista, na rádio O POVO CBN, na última segunda-feira, 24, ele foi enfático em dizer que “o mundo fitness é fake”.
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‘O mundo fitness é fake’: o que está por trás da frase
O estudioso defende que se criou um mito de que tudo relacionado ao tema está atrelado a saúde.
“É uma indústria que vende serviços e produtos com a promessa de melhorar a saúde e o bem-estar. O que a gente precisa entender é que esses produtos não necessariamente melhoram a saúde e muitas vezes pioram esses parâmetros. Então, podemos dizer que a promessa do mundo fitness é vazia”, afirma.
Para explicar o assunto, Gualano aponta a influência fitness como um “subproduto” de um mundo que tenta vender algo impossível de alcançar.
“O mundo fitness que a gente vive é um subproduto do mundo neoliberal, em que se vendem corpos e uma vida inatingíveis, tudo isso amplificado pela grande ‘caixa de som’ que é a rede social”, declara.
‘O mundo fitness é fake’: saiba as consequências, segundo o pesquisador
Ainda no assunto de saúde, o professor também deu sua opinião sobre os problemas que a proliferação do “mundo fitness” como é hoje pode gerar. Segundo ele, nem sempre a dificuldade pela busca do bem-estar é por falta de esforço, mas sim uma situação posta pela rotina atordoada de cada um.
“Ter prazer na atividade física e na alimentação é importante, corpos diversos são importantes. A gente tem que entender que não é uma questão de disciplina ou força de vontade, outras variáveis fazem a gente conseguir, mais facilmente ou não, encontrar os objetivos desse estilo de vida saudável”, comenta.
Gualano vai além e diz que frases motivacionais muito utilizadas nesse meio “colocam no sujeito toda a responsabilidade de alcançar um estilo de vida saudável”, o que não seria uma realidade absoluta, pois algumas pessoas não conseguem o tempo necessário.
“Essa história de ‘foco, força e fé’, ‘sem dor, sem ganho’, essas falácias do mundo fitness não nos pegam. A gente quer derrubar isso e trazer para cada brasileiro um estilo de vida saudável dentro da sua possibilidade”, reflete.
Gualano aponta que pessoas com corpos esculturais, para os padrões de beleza das redes sociais, “não construíram esse físico à base de oito ovos por dia”. “Há anabolizantes e esteroides também, há cirurgias, cosmética, dietas restritivas e treinos exaustivos, muito além do que o necessário para melhorar o bem-estar. Por isso digo que o mundo fitness é fake, ele promete saúde e às vezes até tira isso das pessoas”, complementa.
‘O mundo fitness é fake’: que caminho seguir para alcançar uma vida saudável?
Para completar o tema, Gualano deu dicas sobre como alcançar um estilo de vida mais saudável e com um pensamento mais distante da necessidade de ser “fitness”: se alimentando melhor e dando prioridade ao bem-estar físico.
“Você pode melhorar sua saúde com uma dieta rica em produtos in natura, diminuindo os ultraprocessados. O que o mundo fitness faz é vender, e o que engaja é o treino da moda, a dieta da moda. Isso não funciona a longo prazo”, verbaliza.
Sobre atividades físicas, ele entende que o importante é começar e só depois passar a aumentar a frequência e/ou intensidade. Não resumir suas atividades ao trabalho seria uma forma eficaz de conseguir mais qualidade de vida.
“Alguma atividade física é melhor que nenhuma. Comece de alguma forma, procure uma atividade que você gosta, que traga engajamento, e vá incrementando”
Bruno Gualano
Por fim, o professor também deixa uma reflexão sobre o que a sociedade consome através das redes sociais e de que forma é possível confundir marketing com realidade, a partir do que é visto nos perfis de influenciadores digitais.
“Nossas vidas são reais, não somos influencers. Então, é importante começar a desafiar essa noção de vida ideal que é vendida nas redes sociais”, finaliza.
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