Já passaram mais de três meses desde a expulsão da missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), cujo propósito era ajudar a encontrar uma saída para a crise política na Guiné-Bissau.
Até hoje, a organização está em silêncio sobre as conclusões a que chegou.
A DW tentou o contacto com a CEDEAO, mas não conseguiu obter uma reação. Três meses depois, o silêncio da missão é ensurdecedor, comenta o jurista Augusto Nansambé.
“Uma organização tão grande não pode ficar indiferente em relação à situação política nos países da comunidade. Isto pode desembocar numa crise política que a CEDEAO não poderá resolver com tanta facilidade”, opina.
Alguns dos temas na agenda da missão eram a Assembleia Nacional Popular fora de funções, os órgãos da Comissão Nacional de Eleições caducos e o suposto “sequestro” do Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau, denunciado pelos opositores do Presidente Umaro Sissoco Embaló.
“A missão da CEDEAO falhou”
Foi Sissoco quem expulsou a missão do país, no início de março, dias depois de ela chegar.
Abdou Jarju, antigo embaixador da Gâmbia na Guiné-Bissau, diz que compreende o silêncio da CEDEAO sobre os resultados da missão.
“Nas relações internacionais, quando uma personalidade ou uma missão é declarada ‘persona non grata’, todo o resultado vai embora. A missão [da CEDEAO] falhou. E uma missão falhada não pode ter resultados dos trabalhos”, afirma o diplomata em declarações à DW.
As eleições legislativas e presidenciais guineenses estão marcadas para 23 de novembro. No país, a sociedade civil apela a que o processo seja inclusivo, numa altura em que as manifestações são proibidas em todo o território nacional.
O jurista Augusto Nansambé acredita, contudo, que há ainda tempo para um pronunciamento da CEDEAO.
“Nós não podemos antecipar o que poderá ser a posição da organização, mas pensamos que há ainda tempo para que a CEDEAO possa se pronunciar em relação à situação na Guiné-Bissau”.
Recentemente, Domingos Simões Pereira, líder da coligação Plataforma da Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka), criticou a comunidade internacional pela “passividade” em relação aos problemas da Guiné-Bissau.
No entanto, o antigo embaixador da Gâmbia na Guiné-Bissau, Abdou Jarju, acredita numa solução interna para a crise política guineense. “Às vezes, as pessoas têm de pensar no interesse nacional e dos povos”, diz.
“Se [nos apoiássemos apenas] na missão de reconciliação ou nas entidades externas para resolver os nossos problemas, [isso revelaria] uma certa incapacidade da parte da elite [política] da Guiné-Bissau”, conclui.
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