O Globo critica asilo à ex-primeira-dama do Peru: ‘Injustificável’

Em editorial publicado nesta quinta-feira, 17, o jornal O Globo criticou o fato de o Brasil conceder asilo à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia, mulher do ex-presidente peruano Ollanta Humala. Além disso, questiona a razão pela qual o Itamaraty não deu explicações detalhadas sobre o caso.

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Nadine e Humala foram condenados a 15 anos de prisão, por lavagem de dinheiro. Eles receberam US$ 3 milhões da empreiteira Odebrecht para financiar a campanha eleitoral de 2011. As investigações da Operação Lava-Jato, no Brasil, que revelaram os detalhes do crime, em 2016.

“Por aqui, processos por corrupção envolvendo a Odebrecht e outras empresas que confessaram crimes têm sido questionados com sucesso na Justiça, mas não sem controvérsia ou estranhamento da opinião pública”, escreveu O Globo. “Independentes, os peruanos não têm nada a ver com isso — os fatos que levaram à condenação do casal foram examinados por juízes autônomos, de acordo com a lei do Peru. Em nome da relação estável entre os dois países, o governo brasileiro não deveria questionar as decisões do Judiciário peruano.”

Na última quarta-feira, 16, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) buscou Nadine Heredia e seu filho menor de idade, Samin Mallko Ollanta Humala Heredia. Em nota simples, o Itamaraty apenas informou a chegada da dupla e afirmou que a decisão tem base na Convenção de Asilo Diplomático, firmada no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA).

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“[A lei] Prevê outorga de asilo a perseguidos políticos, estabelecendo, em seu artigo IV, que compete ao país hospedeiro classificar a natureza do delito ou os motivos da perseguição”, começa a explicar o jornal, que conclui: “Nada disso foi explicado a contento. Há uma distinção evidente entre perseguição política e uma condenação criminal.”

Conclusão do jornal sobre asilo à ex-primeira-dama do Peru

Lula, depois de jantar no Palácio do Governo do Peru com a então primeira-dama Nadine Heredia e o então presidente peruano Ollanta Humala | Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O Globo afirma que as convenções de asilo, como a dos países das Américas, servem para proteção de pessoas perseguidas politicamente, o que não é o caso de Nadine Heredia. A ela foi oferecido o direito à ampla defesa e ao contraditório, além de ainda ser possível recorrer da sentença da Justiça peruana. Ao final do texto, o jornal compara a atual situação do Peru com a Venezuela e conclui que são muito diferentes.

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“Em regimes ditatoriais, as embaixadas são uma saída comum para quem se vê acossado por um regime autoritário”, explicou O Globo. “No ano passado, o líder da oposição venezuelana Edmundo González passou mais de um mês escondido na representação da Holanda em Caracas antes de conseguir refúgio na Espanha. Mas a situação no Peru é outra. A democracia por lá passou por período disfuncional, com repetidas crises e quedas de presidentes. Daí a descrever o país como regime de exceção há enorme distância.”

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