O “bloqueio meteorológico” continuará até ao final de maio na Europa, e em Portugal terá estes efeitos
Como previsto, a primeira quinzena de maio na Europa está a passar sob a influência de um padrão de bloqueio relativamente persistente no Atlântico leste.
Esta situação é caracterizada por um anticiclone em crista muito longo, e deslocado para as latitudes altas, que se estende a oeste do continente europeu e vai impedindo a típica circulação da corrente de jato polar pelo noroeste do mesmo, ladeando o anticiclone em crista e impulsionando o ar frio para as latitudes baixas que se situam nos flancos do anticiclone em crista.
Este cenário vai permitindo o desenvolvimento de depressões relativamente fracas e pouco cavadas, mas em latitudes muito mais baixas do que o normal, afetando o interior e o sul da Europa, o Mediterrâneo e até mesmo o Norte de África, como poderá acontecer ao longo da próxima semana (12-18 maio).
Porém, embora um padrão de bloqueio tão robusto possa ser previsto com dias ou mesmo semanas de antecedência, estas pequenas depressões (ou tempestades) e outros fenómenos de menor escala podem escapar ao horizonte de uma previsão de mais de 4 ou 5 dias. Deste modo, aconselha-se o seguimento do panorama meteorológico dia a dia, dado que as condições meteorológicas ficam à mercê destes sistemas menores, que são os que, de facto, nos afetam de uma forma mais direta.
De momento, os modelos de larga escala de médio e longo prazo são bastante claros: este padrão de bloqueio irá manter-se também durante uma boa parte da segunda quinzena de maio. Aliás, tudo indica que a crista anticiclónica terá tendência a consolidar-se e também a aproximar-se do continente europeu sem sair das latitudes altas, o que poderá provocar mudanças à medida que a segunda quinzena do mês progredir em Portugal.
A probabilidade de ocorrência de aguaceiros e trovoadas é elevada
Para já, as massas de ar frio continuarão a deslocar-se pelo sul do continente e a contribuir para a formação de mais depressões. Estes sistemas depressionários vão continuar a atingir de forma significativa tanto Portugal, como a vizinha Espanha.

Ao longo deste fim de semana de 10 e 11 de maio, uma das referidas depressões, provavelmente uma gota fria (ou depressão isolada em altitude) de muito curta duração, estará situada a norte da Península Ibérica, continuando a contribuir para um estado do tempo condicionado pelo desenvolvimento de aguaceiros e trovoadas, distribuídos geograficamente de uma forma irregular.
Mais significativa e anómala é a tempestade que se prevê que irá desenvolver-se no Norte de África durante a próxima semana. A tempestade irá movimentar-se em direção ao Mediterrâneo central, afetando vários países dessa área do continente.
Mais à frente em termos cronológicos, a incerteza na previsão meteorológica aumenta consideravelmente, mas não é impossível que pequenos vales depressionários ou até mesmo uma depressão possam descrever trajetórias semelhantes e alterar o estado do tempo em Portugal.
Reforço do anticiclone em crista a longo prazo. O que poderá acontecer?
Longe de este bloqueio se desvanecer ou dissipar com o passar dos dias, os modelos a longo prazo intuem uma importante estabilização atmosférica e o fortalecimento do anticiclone em crista com o início da segunda quinzena de maio, sendo expectável uma possível contribuição de ar quente para todo o sistema e em todas as camadas da atmosfera.
Em princípio, abrir-se-ão deste modo vários caminhos para a evolução da situação meteorológica na Península Ibérica, dois deles bastante prováveis com este tipo de configuração sinóptica.

O primeiro cenário aproxima esta grande crista anticiclónica da Europa Ocidental, facilitando um panorama mais quente e estável, embora sem grandes entradas de ar quente por enquanto.
O segundo cenário “corrói” esta crista anticiclónica a sul e oferece-lhe uma maior importância nas latitudes altas, um panorama que seria mais favorável à chegada de novas massas de ar frio às imediações de Portugal e, portanto, uma evolução rumo a uma situação meteorológica mais fria e instável, semelhante à desta última semana, mas com temperaturas ligeiramente mais elevadas.
Deste modo, é de realçar que, apesar da grande incerteza presente nas pequenas escalas, tudo indica que o padrão de circulação atmosférica de grande escala sobre a Europa terá tendência a manter uma evolução bastante semelhante.
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