Número de brasileiras lutando pela guarda dos filhos cresce em Portugal

Além disso, há casos também em que os pais que moram em Portugal se recusam a devolver os filhos. Foi o que aconteceu com Erica Hecksher, que trouxe o filho de 10 anos passar as férias com o pai no país, o ex-juiz Rui Fonseca e Castro. Na véspera da data da volta, ele avisou a brasileira que não devolveria a criança. O processo está em tribunal desde 21 de janeiro e sem ainda um desfecho. Na última quinta-feira o Ministério Público pediu ao Tribunal de Viana do Castelo que ordene a entrega do filho à mãe, para que possam retornar ao Brasil. Neste dia foi aniversário de Erica, que espera ter como presente o abraço do filho novamente.

Outras situações são as de mães que já vivem em Portugal há mais tempo, com filhos do país, e, mesmo sem sair do território, são acusadas de subtração. Foi o que aconteceu com a brasileira Gislaine Vieira, que foi obrigada, por ordem judicial, a entregar a filha em uma delegacia. Segundo a imigrante, ambas sofriam violência psicológica e física por parte do ex-marido.

A imigrante lembra bem do dia. “No dia 6 de agosto de 2021 minha filha foi arrastada, literalmente, arrancada de dentro do carro e entregue nas mãos do progenitor. Desde então eu perdi o direito de ser mãe e minha filha perdeu o direito de ter mãe”, recorda.

Gislaine vive longas batalhas judiciais: foi acusada de ser a subtratora da filha, foi processada pelo ex-marido e até pelo advogado do ex-marido. Mas não desiste. “Eu vivo, como eu costumo dizer, eu estou anestesiada. Eu não penso, porque se eu pensar eu caio. E eu não posso cair, porque senão a minha não tem ninguém”, destaca.

O caso tem grande repercussão midiática no país. A mãe usa as redes sociais para expor a situação e dá entrevistas, como forma de buscar o que entende por justiça. “É uma luta sem fim”, acrescenta. Com o conhecimento das situações, as mães se unem e dão suportes umas às outras.

Na semana passada, a imigrante esteve com outras mulheres que passam pela mesma situação. “Estive com uma brasileira também no tribunal porque fazem seis anos que ela também perdeu o direito de ser mãe, com decisão do mesmo magistrado, que também condenou ela. E essa mãe também sofria violência. Ontem recebi uma outra mensagem de outra mãe, a mesma coisa. Denunciou a violência, perdeu o filho e sofreu um processo”, relata.

A brasileira está organizando um projeto para ajudar psicologicamente estas mães. “Vamos anunciar um apoio gratuitamente às mulheres aqui de Portugal, porque nós somos taxadas de loucas, desequilibradas e ninguém nos ajuda, não existe apoio em lugar nenhum”, desabafa a imigrante, que possui uma clínica de medicina chinesa.

Gislaine diz que a filha é quem dá forças para continuar. “Eu não posso parar. Eu não posso me dar o direito de cair, de chorar ou sequer de entrar em depressão Eu não vou parar nunca. Já recebi ameaças que vão me apanhar na rua, mesmo contra a minha vida. Eu já denunciei isso, mas eu vou continuar, não vou parar até resgatar a minha filha”, finaliza.

amanda.lima@dn.pt

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