A Escola Portuguesa de São Tomé e Príncipe está em fase de reabilitação e alargamento para responder à procura de alunos no arquipélago, que duplicou para 700 desde a sua criação em 2016, disse à Lusa a diretora da instituição.
Manuela Costeira, que lidera a direção da escola desde a sua fundação, referiu que atualmente existem “listas de espera”, porque a escola “não comporta mais alunos”, estando prevista, dentro de um ano, a construção de uma nova escola de pré-escolar e primeiro ciclo e mais salas para mais turmas do segundo e terceiro ciclo e secundário, bem como um ginásio e auditório.
“Pelo que nós vemos, por este progresso, tem sido uma evolução muito positiva da escola. Penso que isso se reflete na sociedade e no país, daí a procura. Cada vez mais pais pretendem ter cá os seus filhos”, disse Manuela Costeira.
Segundo a diretora, a escola funciona do primeiro ao décimo segundo ano, com o curriculum português, sendo que cerca de 90% dos alunos são são-tomenses ou com dupla nacionalidade (são-tomense e portuguesa), havendo também filhos de alguns portugueses que vêm em cooperação e estão no país “há um, dois anos”, e ainda de alguns residentes.
Manuela Costeira disse que escola entra no “ranking das escolas em Portugal e dos exames” e tem vindo a melhorar a sua posição a cada ano, apesar dos desafios.
“Este ano soubemos que melhorámos 100 lugares, o que é muito bom, mas ainda há um grande trabalho a fazer. Nós sabemos que muitos dos nossos alunos não têm condições económicas muito boas. Os pais fazem um grande esforço para que eles cá estudem, mas depois, quando eles saem da escola, não têm aquelas condições que há em Portugal”, nomeadamente a internet em casa, eletricidade permanente ou computador, afirmou.
“Portanto, é já um esforço grande dos nossos alunos que eles fazem para acompanhar o ensino português. Mas penso que sim, que estamos a conseguir e, com o tempo, cada vez estamos a ter melhor sucesso”, sublinhou Manuela Costeira.
A escola tem atualmente 53 professores, sendo a maioria oriundos de Portugal, mas também há são-tomenses que estudaram em Portugal ou têm equivalência da formação para lecionar em Portugal.
Além das atividades curriculares, a escola tem promovido atividades sociais e culturais, e participado em eventos internacionais para promover Portugal e São Tomé e Príncipe.
“Somos uma escola portuguesa, com certeza, mas vivemos em São Tomé e, portanto, os alunos têm de continuar a manter contato com as suas realidades”, referiu Manuela Costeira, adiantando que são lecionadas duas disciplinas – História e Geografia de São Tomé e Príncipe e Língua e Cultura de São Tomé e Príncipe -, o que “é muito importante para eles não perderem as suas raízes”.
“Tentamos ter bastante inclusão, nomeadamente na parte económica. Nós conseguimos todos os anos ter alguns alunos que não pagam a propina total, porque eu sei que o país está em dificuldade, mas todos temos direito à educação e, portanto, também fazemos um esforço para conseguir ter sempre alguns alunos que estão cá pelo mérito e não porque os pais têm dinheiro para os colocar cá”, acrescentou.
Vários dirigentes portugueses que passam por São Tomé visitam a Escola Portuguesa, como acontecerá esta quinta-feira com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
“Para nós é muito importante, até porque nós consideramos, de certa forma, que a escola acaba por ser uma segunda embaixada de Portugal neste país. Transmitimos também a cultura portuguesa, ao mesmo tempo que a são-tomense, e é importante termos sempre um reforço e sentirmos o apoio dos nossos dirigentes quando cá vêm […], porque sentimos que é muito importante esta ligação com Portugal e perceber que Portugal também reconhece o nosso trabalho enquanto ’embaixadores’ de Portugal neste país”, sublinhou Manuela Costeira.
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