Nova tecnologia de comunicação combate isolamento social de idosos

Estar no interior do concelho de Loulé e não ter rede de telemóvel era para muitos uma dor de cabeça, sobretudo a população idosa que vive isolada entre montes distantes, muitas vezes sem acesso a uma chamada telefónica perante uma situação de urgência.

Para dar resposta a esta lacuna, a Câmara Municipal de Loulé está a implementar um projeto inovador no país, um sistema de teleassistência que nasce de uma parceria com a operadora NOS, e que permitirá garantir o apoio a estas pessoas em caso de emergência.

A apresentação decorreu esta quinta-feira, em Alte, uma das freguesias que, a par do Ameixial, Salir e União de Freguesias Querença, Tôr e Benafim, será contemplada pelo projeto.

Durante 36 meses, a Autarquia vai monitorizar 160 idosos isolados, recorrendo à tecnologia 5G da NOS, numa colaboração com a HopeCare, empresa ligada à saúde digital. O objetivo é colmatar a situação de maior isolamento social em que algumas pessoas mais vulneráveis vivem e aumentar a rapidez e eficácia na assistência a esta população, seja por motivos de saúde ou de segurança.

Durante dois dias, uma equipa da Câmara Municipal de Loulé e das duas empresas estiveram a instalar o equipamento em casa dos 11 primeiros beneficiários e a fazer a devida explicação sobre o funcionamento do mesmo.
Um kit composto por router, box, pulseira e smartphone é entregue a cada utilizador. Como explicou Francisco Norton de Matos, da HopeCare, a pulseira (feita de um material resistente, com uma bateria que dura um ano e à prova de água), que é colocada no pulso do beneficiário, tem um mecanismo de deteção de quedas, de localização, monitorização de sinais vitais e possibilidade de envio de pedido de SOS.

Caso a pessoa caia inanimada, o sistema vai espoletar um alerta. Há ainda a possibilidade de programar a vibração da pulseira a determinada hora, por exemplo para lembrar a toma de um medicamento.

Por outro lado, este equipamento também monitoriza a temperatura ambiente da casa do idoso, com alertas em caso de frio ou calor excessivos, uma vez que muitas destas habitações têm problemas ao nível do isolamento térmico.
D. Custódia, 79 anos, viúva há 17 anos, viu o filho partir prematuramente. Com uma condição de mobilidade que a afeta desde os 11 anos, vive sozinha numa casa numa aldeia no interior do concelho, e já teve um susto quando desmaiou na cozinha, sem ninguém para a acudir. O sistema de teleassistência vai deixá-la “mais descansada”, garante.

É preciso percorrer vários quilómetros em terra batida para encontrar a casa onde reside a D. Maria. Isolamento é, pois, a realidade diária desta octogenária, mas mesmo neste local ermo já foi vítima de burla e assalto. “Apanhei um grande susto! Já me tenho sentido muito mal…” refere, ao mesmo tempo que se mostra atenta às explicações técnicas sobre o equipamento.

“Se funcionar ficamos muito mais descansados”, referem os familiares do casal de residentes noutra aldeia do concelho. Cada vez que os pais não atendem o telefone, ficam aflitos.

Faz 88 anos em maio e, em breve, pretende entrar para um lar. Mas até lá, este dispositivo poderá ser uma boa solução para a D. Glória. “Está fixe!”, refere entre sorrisos, quando lhe é colocada a pulseira. Já perdeu a conta às vezes que caiu em casa ou no quintal, sem conseguir levantar-se.

Além desta valência do projeto, numa parceria com a Unidade Local de Saúde do Algarve, está a ser preparada a implementação da monitorização de 50 idosos com doenças crónicas.
O concelho de Loulé tem uma extensão de 763km2 e são 7095 os idosos que vivem nestas quatro freguesias. Residir no concelho de Loulé, ter mais de 65 anos e estar numa situação de vulnerabilidade socioeconómica e social (viver num isolamento geográfico extremo) constituem os critérios de elegibilidade, conforme referido pela vereadora da área social, Ana Machado.

Este projeto faz parte do Programa Digital orientado ao desenvolvimento económico e social do interior do concelho de Loulé, que enquadra soluções e equipamentos digitais em quatro áreas: ação social e apoio a populações mais frágeis, educação, turismo e proteção civil.

Pedro Figueiredo, da operadora NOS, explicou as ações em curso que “vêm ajudar esta diversidade de pessoas e de necessidades que tem o território”.
No âmbito das medidas de proteção da floresta e do ecossistema ambiental, está a ser implementada uma solução tecnológica de deteção e monitorização de incêndios, garantindo a cobertura de 95% do território florestal. Entretanto já estão instaladas 3 novas estações meteorológicas (edifício da Junta de Freguesia do Ameixial, Malhão e Centro Ambiental da Pena).

Ao longo dos últimos anos, foram distribuídos pelas escolas/alunos 200 computadores portáteis, router/placa de acesso em banda larga 84G, proporcionando melhores condições de aprendizagem e desenvolvimento aos jovens que aqui vivem.

Por outro lado, numa aposta no desenvolvimento da atividade turística do interior, está em curso a digitalização de percursos naturais e culturais e a criação de solução de experiências imersivas e interativas (pontos turísticos com realidade aumentada).

O investimento global neste programa ascendeu a 2,5 milhões de euros e tem como objetivo promover a coesão territorial, combater a desertificação do interior, melhorar a qualidade de vida das populações e atrair negócios e atividade económica a esta zonas mais afastadas dos centros urbanos.

“Estamos no coração das Smart Cities. Toda a tecnologia inteligente que é incorporada na gestão autárquica dos territórios é imprescindível hoje em dia. Estou muito feliz como autarca porque, mais uma vez, Loulé é pioneiro numa matéria importante que tem a ver com o futuro das comunidades humanas e do desenvolvimento dos territórios”, salientou o autarca Vítor Aleixo.

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.