nova norma sobre recarga elétrica em edifícios está próxima

A norma que definirá diretrizes de segurança para a instalação de estações de recarga de veículos elétricos em edifícios está em sua fase final e deve ser publicada nas próximas semanas. A informação foi confirmada por representantes do Corpo de Bombeiros de São Paulo durante o 1º Workshop Internacional “Eletromobilidade & Segurança nas Edificações”, realizado em 6 de junho no Distrito Anhembi, na capital paulista.

O evento, promovido pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), com apoio da Fundabom e da Ligabom, reuniu mais de 700 participantes, incluindo bombeiros e especialistas de segurança de todo o Brasil. Também participaram representantes da China, Alemanha, Bélgica, Austrália e Estados Unidos, que apresentaram experiências e protocolos internacionais para o combate a incêndios envolvendo veículos eletrificados.

Segundo o Coronel Max Alexandre Schroeder, comandante da Escola Superior de Bombeiros de São Paulo e presidente do Comitê Nacional de Estudos sobre Eletromobilidade da Ligabom, a norma é resultado de mais de um ano de estudos técnicos e testes práticos. O processo foi iniciado a partir da Portaria CCB-001/800/2024, lançada em abril de 2024, que abriu consulta pública sobre o tema.

Desde então, a ABVE colaborou com os bombeiros no desenvolvimento da norma, oferecendo suporte técnico e viabilizando simulações e visitas técnicas a centros internacionais de pesquisa. De acordo com o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, o objetivo dos testes foi verificar a eficiência dos sistemas de segurança dos veículos elétricos e identificar possíveis ajustes para a realidade brasileira.

Durante sua participação no evento, Bastos destacou que a iniciativa envolve toda a cadeia da mobilidade elétrica, incluindo não apenas automóveis, mas também ônibus, bicicletas e outros modais eletrificados. Ele reforçou que segurança e sustentabilidade precisam caminhar juntas no avanço da eletromobilidade.

Os avanços técnicos foram apresentados pelo Major Ronaldo Ribeiro, coordenador da Comissão Estadual de Estudos sobre Eletromobilidade em São Paulo e vice-presidente do Conasci. Ele enfatizou que o trabalho de testes foi fundamental para simular ocorrências reais e validar procedimentos operacionais. Um dos resultados práticos foi a construção de um laboratório exclusivo para testes de incêndio com veículos eletrificados, localizado na Escola de Bombeiros de Franco da Rocha (SP). A estrutura conta com sprinklers, detectores de fumaça, exaustores e sensores, reproduzindo as condições de uma garagem real.

A norma nacional, segundo o Coronel Schroeder, será referência para os corpos de bombeiros dos 27 Estados brasileiros. A intenção é uniformizar os procedimentos e garantir a segurança de moradores, síndicos e profissionais envolvidos na instalação de carregadores em edifícios residenciais e comerciais.

Durante o workshop, os especialistas internacionais trouxeram contribuições relacionadas a métodos de prevenção, contenção e combate a incêndios em baterias de lítio. Entre os temas abordados, destacam-se o risco de reignição, a toxicidade dos gases emitidos durante os incêndios e a aplicação de mantas de supressão em situações específicas.

Além dos representantes brasileiros, participaram das apresentações: Dong Wang (China), da BYD; Mitch Peterson (EUA), pesquisador do Fire Safety Research Institute; Nicolas Koch-Hartke (Alemanha), especialista em contenção de incêndios; Glenn Trevor Pröbstl (Austrália), da EV Fire Safe; e Glenn Cezanne (Bélgica), representante da CharIN na União Europeia.

O Coronel Washington Luiz Vaz Júnior, presidente da Ligabom e comandante do Corpo de Bombeiros de Goiás, reforçou a importância de acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas com base em ciência e colaboração. Ele defendeu a capacitação constante dos profissionais para que estejam preparados para as novas demandas de segurança geradas pela eletrificação da mobilidade.

Por fim, o Major Ronaldo Ribeiro destacou que 200 bombeiros de diferentes regiões do país já foram capacitados por meio das ações de treinamento desenvolvidas no processo de elaboração da norma. A expectativa é que, com a publicação da norma, o Brasil avance na regulamentação de soluções seguras para a expansão das recargas em ambientes urbanos.