Foto em cima: “Precisamos desesperadamente de imigrantes para a sustentabilidade da economia portuguesa, mas isso exige um esforço de integração”, defendeu Gonçalo Saraiva Matias.
Envelhecimento, maior esperança de vida e baixa natalidade. Esta é a nova demografia que vai obrigar a novas políticas públicas, especialmente no setor da saúde. “O tema que me traz aqui hoje é muito importante para todos nós, porque da demografia depende, em larga medida, o futuro do nosso país em termos de evolução da população e estrutura social”, afirmou Gonçalo Saraiva Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, na keynote “A Nova Demografia a Transformar-nos”.
Portugal é atualmente o quarto país mais envelhecido do mundo e o segundo mais envelhecido da União Europeia. “Isso mostra a situação em que nos encontramos: um país envelhecido, com uma pirâmide demográfica desequilibrada e com o seu futuro comprometido”, alertou.
Este envelhecimento é, em parte, um reflexo do sucesso dos avanços na saúde. “Em 1970, a esperança média de vida era de 67 anos. Em 2023, esse número subiu para quase 82 anos. Isto é uma boa notícia, mas tem consequências”, afirmou o orador.
Ana Dias e Luís Drummond Borges estão unidos na importância da discussão e divulgação dos temas da saúde e do bem-estar aos portugueses.
Com mais pessoas idosas e sem uma taxa de natalidade que renove a população, “os desafios para a segurança social e os sistemas de saúde são cada vez mais evidentes”. Aliás, como destacou Gonçalo Saraiva Matias, os custos do envelhecimento também são alarmantes: “Em 2050, espera-se que haja 3,3 milhões de idosos em Portugal, e os custos associados ao envelhecimento podem atingir 27% do PIB.”
Atualmente, 24% da população tem 65 ou mais anos, enquanto apenas 13% são crianças. “Isto significa que temos praticamente o dobro de idosos em relação às crianças, o que gera um enorme desafio para a sustentabilidade do país”, acrescentou.
A natalidade está em colapso. “Nos anos 70 do século passado, cada mulher tinha, em média, três filhos. Hoje, a média é de apenas 1,4 filhos, fazendo de Portugal o país da União Europeia com maior proporção de filhos únicos”, revelou Saraiva Matias. Além disso, 73% das famílias portuguesas não têm crianças, um dado “assustador” que compromete a reposição geracional.
O contributo da imigração
Apesar do saldo natural negativo, a população portuguesa tem vindo a aumentar devido ao crescimento da imigração. “Entre 2009 e 2017, Portugal perdeu população tanto pela via natural como pela emigratória. No entanto, a partir de 2019, a imigração começou a compensar essa perda. Atualmente, a população imigrante ronda os 13 a 14% da população total”, revelou.
Este aumento levanta desafios e oportunidades. “Precisamos desesperadamente de imigrantes para a sustentabilidade da economia portuguesa, mas isso exige um esforço de integração. Não podemos repetir os erros de outros países, como França e a Alemanha, em que a falta de políticas eficazes de inclusão gerou problemas sociais”, alertou, concluindo que “o nosso futuro coletivo depende da forma como soubermos integrar estas mudanças”.
Medialivre e Lusíadas Saúde reforçam “papel ativo na saúde em Portugal” Na sessão de abertura, Ana Dias, administradora da Medialivre, e Luís Drummond Borges, Chief Commercial Officer (CCO) da Lusíadas Saúde, destacaram a importância de um debate alargado sobre a evolução do setor da saúde em Portugal. “Num momento em que os desafios da saúde são cada vez mais complexos e interligados, este evento propõe-se ser um espaço de reflexão e debate sobre o presente e, principalmente, sobre o futuro da saúde em Portugal”, afirmou Ana Dias. A administradora da Medialivre reforçou ainda o compromisso do grupo de comunicação social na promoção de uma cidadania informada: “Este é um tema que importa muito aos portugueses e, por isso, a Medialivre, como grupo de comunicação social responsável, tem como missão fomentar uma sociedade mais justa e mais democrática.”
Luís Drummond Borges também destacou a relevância deste evento, que considerou “uma sede de reflexão, partilha de conhecimento e análise do presente, com um olhar atento para o futuro”. “Queremos ser elementos ativos na saúde em Portugal e abordar desafios essenciais, como a acessibilidade aos cuidados de saúde e o envelhecimento da população”, acrescentou o CCO da Lusíadas Saúde, enfatizando a “necessidade de um olhar holístico sobre a saúde”.
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