Pelo menos 98 pessoas morreram num naufrágio ocorrido no domingo na província de Nampula, no norte de Moçambique. “Neste momento temos um total de 98 óbitos, 13 sobreviventes e os restantes estão desaparecidos. Era uma embarcação com cerca de 130 pessoas”, disse ontem ao final do dia à Lusa a porta-voz da Polícia da República de Moçambique na província de Nampula, Rosa Chauque.
As vítimas morreram na sequência do naufrágio de uma embarcação sobrelotada que saiu do posto administrativo de Lunga com destino à Ilha de Moçambique. “Trata-se meramente de um barco de pescadores, uma embarcação que não tinha capacidade para o número de pessoas que levava. Continuam a decorrer as buscas”, avançou a mesma fonte. Relatos locais indicam que as vítimas, incluindo crianças e famílias completas, estão a ser enterradas de imediato, por falta de condições para a conservação dos corpos.
A maioria dos passageiros tentava fugir do continente devido ao pânico causado pela desinformação sobre um surto de cólera, segundo afirmou o secretário de Estado de Nampula, Jaime Neto. “Devido ao facto de o barco estar superlotado e não ser adequado para o transporte de passageiros, acabou afundando”, disse.
Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, registou cerca de 15 mil casos de cólera e 32 mortes desde outubro devido a esta doença, transmitida pela água contaminada. A província de Nampula é uma das mais afetadas e registou um terço dos casos.
O presidente da Renamo, Ossufo Momade, mostrou-se ontem “profundamente consternado” com a morte de pelo menos 98 pessoas neste naufrágio, pedindo luto nacional. “Exigimos que o Governo decrete luto nacional e que este momento seja reconhecido pelas autoridades como mais um sinal de negligência e falta de segurança públicas”, escreveu Momade no Facebook. “Ficámos bastante comovidos e preocupados ao saber que a embarcação em causa é de pesca e não estava vocacionada para o transporte de pessoas o que nos leva a uma reflexão sobre a necessidade da segurança marítima”, acrescentou o líder do maior partido da oposição moçambicana. Também o ex-presidente de Moçambique Armando Guebuza mostrou-se “profundamente consternado” com o acidente.
Até ao fecho desta edição, ainda não tinha havido uma reação por parte do presidente Filipe Nyusi, ou do governo, silêncio que já tinha sido alvo de críticas. “Não me surpreende”, disse o sociólogo Elísio Macamo ao jornal O País. “Já tivemos várias situações em que o Presidente da República e o Governo estiveram ausentes, num momento tão doloroso e grave”, acrescentou.
com agências
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