Mulheres no Uruguai “tecem” compaixão em doações para crianças – Church News

Em todo o Uruguai, um número crescente de mulheres está trabalhando muito para levar conforto a crianças sob cuidados paliativos.

Cuidados paliativos são uma abordagem de assistência, que busca otimizar a qualidade de vida ou mitigar o sofrimento de pacientes com doenças graves, complexas ou terminais.

Las Liebres, Tejiendo Vínculos” (“As lebres, tecendo vínculos”) é um grupo que trabalha gratuitamente para ajudar famílias necessitadas, cujos filhos estão no hospital, fornecendo coisas básicas como cobertores ou comida.

O grupo foi criado por Gabriela Vega, da Ala San José de Carrasco, Estaca de La Costa Uruguai, de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Vega explicou que não se espera que muitas crianças sob cuidados paliativos sobrevivam, mas ainda assim merecem conforto e cuidado. “Mesmo que esteja doente, uma criança continua sendo uma criança.”

Dessa forma, Vega participa da iniciativa global da Sociedade de Socorro para mulheres e crianças, enquanto busca ajudar outras pessoas em sua própria esfera.

“Nosso desejo é oferecer apoio, amor e conforto, como o Salvador faria, neste momento doloroso e desafiador para as crianças e suas famílias”, disse Vega.

Um grupo de mulheres conhecidas como Las Liebres (as Lebres), mostram algumas das 500 mantas que elas teceram para crianças em necessidade em hospitais ao redor do Uruguai, de janeiro a maio de 2025. | Provided by Gabriela Vega

Em memória de Thiago

A história dos esforços de Vega começou quando seu primeiro neto, Thiago, nasceu com uma doença genética chamada trissomia 13 ou Síndrome de Patau. Ele precisava de cuidados e atenção específicos, e a família passou muito tempo no hospital, inclusive nos Estados Unidos.

Thiago sofria de convulsões e nunca falou nem andou, mas viveu “durante 13 anos maravilhosos”, disse Vega, antes do neto falecer há três anos. O marido de Vega morreu há 10 anos de uma doença neurológica.

“Se depois de vivermos essas experiências, não conseguirmos aprender e ajudar os outros, acredito que a vida não tem sentido. É por isso que sempre pensei em poder ajudar crianças sob cuidados paliativos.”

Em julho de 2024, enquanto Vega servia na Primária de sua ala, as crianças fizeram uma maquete do Templo de Montevidéu Uruguai. Dez mulheres da Sociedade de Socorro ajudaram a fazer bonecas de crochê para representar os oficiantes e visitantes do templo.

Depois disso, as mulheres se sentiram motivadas a continuarem servindo. Em dezembro de 2024, como parte da iniciativa “#SejaALuzDoMundo” da Igreja, as mulheres confeccionaram bolsas para crianças no Hospital Pereira Rossell.

Gabriela Vega, à esquerda, tira uma foto com médicos e administradores do Hospital Pereira Rossell em Montevidéu, Uruguai, enquanto entrega bolsas cheias de coisas para abençoar a vida de crianças em cuidados paliativos em dezembro de 2024.
Gabriela Vega, à esquerda, tira uma foto com médicos e administradores do Hospital Pereira Rossell em Montevidéu, Uruguai, enquanto entrega bolsas cheias de itens para abençoarem a vida de crianças sob cuidados paliativos, em dezembro de 2024.

As bolsas continham um travesseiro retangular para os joelhos, um travesseiro de controle de cabeça em formato de U, um cubo sensorial de crochê, um livro de histórias que Vega escreveu sobre Thiago, um par de meias e um pouco de comida.

“A gratidão das famílias foi o melhor presente de Natal”, disse Vega.

Crescendo em serviço

Em janeiro de 2025, o grupo havia crescido para 35 mulheres.

“Propusemos o nome Las Liebres ou ‘as lebres’, pela rapidez com que as irmãs tecem, e Tejiendo Vínculos, ou ‘tecendo vínculos’, pelos sentimentos nos que uniram à equipe médica e às famílias que ajudamos”, disse Vega.

Nos meses seguintes, mais mulheres ouviram falar do grupo e se juntaram a ele, vindas de todo o país. Vega disse que o grupo agora conta com mais de 150 mulheres. Elas foram divididas em zonas, com uma líder em cada zona. Algumas são membros da Igreja, enquanto outras “são nossas irmãs de outras religiões, com quem compartilhamos o desejo de servir e demonstrar amor àqueles que sofrem.”

Um grupo de crianças da Estaca De La Costa Uruguai mostra almofadas feitas à mão e decoradas que elas ajudaram a fazer para crianças no hospital em Montevidéu, Uruguai, em março de 2025.
Crianças da Estaca De La Costa Uruguai mostram as almofadas que ajudaram a fazer para as crianças internadas no hospital em Montevidéu, Uruguai, em março de 2025. | Provided by Gabriela Vega

Ao servirem juntas, as mulheres que não são santos dos últimos dias aprenderam mais sobre a Igreja e seus ensinamentos. Elas se alegraram com os membros quando Presidente Russell M. Nelson anunciou o Templo de Rivera Uruguai, durante a conferência geral de abril de 2025.

Este ano é o 100º aniversário do início da pregação do evangelho restaurado na América do Sul, e muitos santos dos últimos dias na Área América do Sul Sul da Igreja marcaram o ano com serviço ao próximo.

Para comemorar esses 100 anos, as mulheres do Las Liebres estabeleceram a meta de confeccionar 100 cobertores para crianças sob cuidados paliativos que usam cadeiras de rodas. Conforme mais mulheres se juntaram ao grupo, a meta dobrou para 200 cobertores. Agora, já são 500.

“Com eles não podemos cobrir todas as necessidades do país, mas continuaremos trabalhando”, disse Vega.

Dezenas de mulheres costuram e fazem crochê de cobertores juntas em uma grande sala em Montevidéu, Uruguai, em 2025, com o grupo "Las Libres, Tejiendo Vínculos" ("As Lebres, Tecendo Vínculos").
Mulheres do grupo “Las Libres, Tejiendo Vínculos” (“As Lebres, Tecendo Vínculos”) costuram e fazem crochê juntas para fazer cobertores para crianças em cuidados paliativos em Montevidéu, Uruguai, em 2025. De janeiro a maio de 2025, o grupo tinha a meta de fazer 100 cobertores, mas já fizeram 500. | Provided by Gabriela Vega

Reutilização e reciclagem de materiais para terem o suficiente

Como as mulheres tricotavam e faziam crochê rapidamente, elas começaram a ter dificuldade em obterem lã suficiente com seus recursos. Elas então reutilizaram e reciclaram materiais que já tinham para fazerem cobertores para as crianças.

Por exemplo, elas pegam suéteres velhos, os desfiam, lavam, passam a vapor, secam os fios, e os enrolam em um novelo para reutilizá-lo.

Enquanto isso, mulheres em áreas rurais doaram lã de suas ovelhas, que pôde então ser transformada em fios e tecida em um tear. “Estamos aprendendo essa nova técnica de fiação”, disse Vega.

Lã de ovelhas que foi fiada em fio é colocada em uma linha para estar pronta para enrolar em meadas ou novelos no Uruguai no início de 2025. As mulheres então usam o fio para fazer cobertores para crianças no hospital.
Lã de ovelhas, que foi fiada, é colocada em um varal antes de ser enrolada em meadas ou novelos, no Uruguai no início de 2025. As mulheres então usam o fio para fazerem cobertores para crianças hospitalizadas. | Provided by Gabriela Vega

Elas também aceitam doações de fios e materiais para ajudarem crianças sob cuidados paliativos em todo o país, mas, na maioria das vezes, as mulheres do grupo usam seus próprios materiais e dinheiro.

“As irmãs costumam dizer: ‘Fizemos um convênio de dedicarmos nosso tempo, nossos talentos e todas as nossas coisas para ajudarmos os filhos de Deus’”, explicou Vega. “Testifico que elas são mulheres de fé e sempre dizem: ‘O Senhor proverá e nos ajudará quando servirmos de coração.’”

Quando não têm o suficiente, de repente aparecem novos novelos de lã, mais material ou uma doação em dinheiro: “As janelas do céu sempre se abrem quando precisamos delas.”

Mulheres aprendem a usar um tear para criar material no Uruguai para fazer cobertores para crianças no hospital em 2025.
Mulheres aprendem a usar um tear para criarem materiais para fazerem cobertores para crianças hospitalizadas, em 2025. | Provided by Gabriela Vega

Ser as mãos do Salvador

O grupo estabeleceu a meta de realizar três grandes projetos este ano. De janeiro a maio, elas têm feito cobertores para crianças, mas também pensado naqueles que cuidam delas, especialmente suas mães. “Vamos cuidar daqueles que as cuidam”, disse Vega.

Os hospitais no Uruguai não têm aquecimento, nem camas para hóspedes nos quartos dos pacientes, então as mulheres do Las Liebres têm feito cobertores, cachecóis, sapatos e xales para manterem essas mães aquecidas e confortáveis.

De junho a agosto, além de fazerem cobertores e travesseiros para o conforto das mães, as mulheres produzirão brinquedos para crianças sob cuidados paliativos.

Elas sabem que muitos não vão sobreviver, e já viram isto acontecer. Mas as irmãs querem tornar o tempo das crianças na Terra o mais confortável e agradável possível.

De agosto a dezembro, elas planejam continuar levando cobertores, brinquedos e alimentos para famílias necessitadas em hospitais públicos em todo o país.

“Sabemos que o amor do Salvador se manifesta nos mínimos detalhes. Hoje temos o privilégio de ser Suas mãos”, disse Vega.

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