Ao longo dos anos, as mulheres cabo-verdianas têm desempenhado funções fundamentais em diversas áreas da sociedade, demonstrando resiliência, capacidade de liderança e inovação. No setor energético, a sua presença ainda é muito tímida, especialmente em posições estratégicas e técnicas, o que evidencia a necessidade de uma maior inclusão e valorização do talento feminino nesta área.
A equidade de género na transição energética não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia inteligente. O relatório “Renewable Energy: A Gender Perspective” da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) destaca que as mulheres representam 32% da força de trabalho no setor de energia renovável e que a sua inclusão traz perspetivas diversificadas, fomentando a inovação e melhorando os resultados das empresas. Além disso, a Agência Internacional de Energia (IEA), no seu relatório “Tracking Gender and the Clean Energy Transition”, enfatiza que integrar a perspetiva de género nas políticas energéticas pode levar a soluções mais inclusivas e eficazes para a transição para energias limpas.
Então, como podemos fomentar o papel das mulheres neste setor em Cabo Verde?
Em primeiro lugar, é essencial investir na capacitação e formação de meninas e mulheres em áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Incentivar o ingresso e a permanência delas em cursos técnicos e superiores relacionados com a energia é um passo fundamental para reduzir a disparidade de género no setor.
Além disso, é necessário criar redes de apoio e mentorias que promovam a ascensão profissional das mulheres dentro das empresas e instituições do setor energético. O fortalecimento dessas conexões pode ser um fator decisivo para aumentar a presença feminina em cargos de decisão e de liderança.
O setor energético cabo-verdiano está em transformação e, com isso, surgem novas oportunidades. A expansão das energias renováveis, a digitalização e a descentralização da geração de energia são áreas em que as mulheres podem e devem destacar-se, seja como engenheiras, empreendedoras, investigadoras ou líderes políticas.
A transição energética é uma jornada coletiva. Para que seja bem-sucedida, precisamos garantir que todas as vozes sejam ouvidas e que todas as competências sejam aproveitadas. O papel das mulheres nesse processo não é apenas desejável – é essencial. Promover a sua participação ativa é investir num futuro mais sustentável, inclusivo e próspero para Cabo Verde.
Cabe a todos nós, sociedade civil, empresas, instituições académicas e Governo, unir esforços para derrubar barreiras e criar um setor energético mais equitativo. Afinal, a energia que move um país também deve refletir a força e a diversidade do seu povo.
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