Moçambique: Homem que usou redes sociais para acusar altas patentes da polícia de narcotráfico foi extraditado para Luanda
Fernando Calueto
27 de Fevereiro 2024 às 11:00
“Confirmamos, sim, a detenção, por meio de uma operação internacional conduzida pelas autoridades angolanas e moçambicanas, dos cidadãos Gerson Eugénio Quintas “Man Gena” e Carlos Eduardo Monteiro, este último traficante internacional de droga e foragido da justiça após ser condenado”, disse ao Novo Jornal uma alta patente do Serviço de Investigação Criminal, que solicitou anonimato.
Segundo a fonte do SIC, “Man Gena” está neste momento sob a custódia das autoridades, mas separado da esposa e dos filhos menores, que também estão sob proteção do SIC.
Conforme o SIC, a família poderá ser posta em liberdade a qualquer momento, sem restrições.
Quanto ao cidadão Carlos Eduardo Monteiro, o SIC assegura que está também sob a sua custódia e que ambos serão presentes à justiça.
Sobre Man Gena recaem as suspeitas do crime de injúrias e difamação contra altas figuras do aparelho do Estado, com realce para as da Polícia e do SIC.
Mas afinal quem é “Man Gena”?
Eugénio Quintas, ou simplesmente “Man Gena”, pertenceu a uma rede de tráfico de droga no País. Ficou preso durante nove anos. Depois desvinculou-se da rede criminosa e começou a colaborar com a Polícia, segundo as suas declarações na internet.
Citou nomes de alegados barões de droga em Angola, que estão ligados ao SIC e à PN. Falou também de um Navio angolano apreendido em Espanha, com drogas diversas (toneladas de cocaína). O homem denunciou uma alta entidade do SIC de estar envolvida no contrabando de combustível, e falou ainda da morte de pessoas de grupos criminosos, com conivência das autoridades policiais.
Em comunicado feito em Abril do ano passado, a UNITA, maior força da oposição, exigiu à Procuradoria-Geral da República (PGR), no quadro dos acordos judiciários entre Angola e Moçambique, que investiguem e apurem as denúncias feitas por este cidadão.
Caso “Man Gena” chegou ao escritório regional para a África Austral do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU
A coordenação das Nações Unidas em Angola tomou “boa nota” da carta que o Grupo Parlamentar da UNITA lhe enviou a2 de Março de 2023, na qual solicitou a atenção para o caso do cidadão angolano Gerson Eugénio Quintas, que usou as redes sociais para acusar altas patentes da PN e do SIC de narcotráfico.
As Nações Unidas em Angola informaram o Grupo Parlamentar da UNITA que já partilharam esta situação com o escritório regional para a África Austral do Alto Comissariado para os Direitos Humanos.
Informou ainda o maior partido da oposição em Angola que “é possível apresentar o mesmo ao sistema de Procedimento Especiais do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que é composto por especialistas independentes, que tratam de casos individuais de possíveis violações de direitos humanos”.
Entretanto, no mês de Março de 2023, o Serviço Nacional de Migração de Moçambique anunciou que o denunciante angolano Man Gena e a família estavam em situação ilegal no País, mas que não seriam repatriados enquanto eram averiguadas as queixas de perseguição.
“Apesar de terem entrado clandestinamente e permanecerem de forma ilegal” em Moçambique, a lei prevê “uma limitação à expulsão” quando há “suspeita de que ao devolver a pessoa ao País de origem esta possa sofrer perseguições” no país de origem, disse em conferência de imprensa o director-geral do serviço de emigração, Fulgêncio Seda, o que, afinal, não veio a acontecer.
Este domingo, o Serviço Nacional de Migração de Moçambique executou o repatriamento por permanência ilegal e uso de documentos falsificados no País.
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