Mauro Vieira diz que asilo diplomático a ex-primeira-dama do Peru foi concedido por questões humanitárias

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta sexta-feira que o governo Lula decidiu conceder o asilo humanitário à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia por razões humanitárias, e explicou que ela foi recentemente operada e está em recuperação. Vieira também disse que a decisão foi tomada e só depois informada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nadine e o marido, o ex-presidente peruano Ollanta Humala foram condenados a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro nesta semana em um caso relacionado ao recebimento de caixa 2 do regime venezuelano e da empreiteira Odebrecht (hoje Novonor) nas eleições presidenciais do país vizinho de 2006 e 2011.

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Vieira ressaltou que tratou do pedido de asilo de Nadine “de acordo com o que estabelece a Convenção de Caracas, de 1954”, que dita normas para a concessão de asilo diplomático.

— Ela foi recentemente operada, por um questão grave, de coluna vertebral. Está em recuperação, precisa continuar em tratamento, e estava acompanhada de um filho menor. O marido condenado está detido, portanto, o filho menor também estaria abandonado, desprotegido. Foi com base também em critérios humanitários que o Peru teria concedido o salvo-conduto — disse o ministro em entrevista à Globonews.

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Ollanta Humala foi preso ao final da leitura da sua pena, o que contraria a praxe do sistema de justiça peruano. Nadine não compareceu ao próprio julgamento alegando razões de saúde e, logo após a condenação, dirigiu-se à embaixada brasileira em Lima para solicitar o asilo.

— O governo peruano, ao receber a nota do governo brasileiro notificando o fato de que ela estava na embaixada e havia solicitado o asilo diplomático, na mesma hora respondeu com o salvo-conduto. Houve concordância e total aceitação — afirmou o ministro Mauro Vieira.

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Vieira ressaltou que o governo da presidente Dina Boluarte, de centro-direita, poderia ter negado o pedido de salvo-conduto feito pelo Itamaraty, mas não o fez. No Peru, a gestão de Boluarte, que não é aliada dos Humala, tem sido questionada pela oposição. Boluarte assumiu o cargo depois que o então presidente Pedro Castillo, eleito em 2021, tentou dar um golpe de Estado frustrado e foi preso. Seu governo, que termina em julho de 2026, é marcado por seguidas crises políticas, escândalos de corrupção e uma taxa de aprovação pífia, inferior aos 10%.

— Eles (o governo peruano) podiam negar o salvo-conduto para que Nadine deixasse o território do país, não concordar que ela saísse. Competia a eles — disse Vieira.

Questionado sobre a decisão do governo brasileiro de enviar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer Nadine e o filho de 14 anos ao país, Vieira disse que era a melhor forma de trazê-los em segurança. Segundo o ministro, “tendo solicitado a vinda dela ao Brasil como asilada diplomática, temos obrigação, pelas convenções, de fornecer o transporte”. Nadine decolou de Lima a Brasília por volta das 4h de quarta-feira, horas depois de ser condenada.

— Neste caso específico, era a única forma de tirá-la com segurança e rapidez do país, com a concordância do governo do Peru. Não havia possibilidade que ela viajasse por terra ou por mar com a mesma rapidez. Não havia avião comercial no momento — afirmou.

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