É um megaprocesso, em Luanda, e a audição dos acusados começou esta semana.
O megaprocesso gira em torno dos generais Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, acusados de burla e peculato, mas o nome que mais se tem ouvido no julgamento em Luanda é o do ex-vice-Presidente angolano e ex-presidente da Sonangol , Manuel Vicente.
“Dino” começou por dizer, nesta semana, que foi Vicente quem o convidou a participar na reestruturação da China International Fund (CIF) para o projeto de reconstrução do país no pós-guerra.
De acordo com o advogado de defesa Meireles Sequesseque, a China International Fund Angola não era quem recebia o dinheiro da Sonangol.
“Todos os contratos, acordos firmados e pagamentos feitos foram feitos entre a Sonangol e a CIF-Hong Kong ou entre a Sonangol EP e a China Sonangol Internacional. Nenhum desses foi feito com a CIF-Angola. E mais: Os sócios da CIF-Hong Kong e a China Sonangol não são sócios da CIF-Angola”, argumentou Sequesseque.
A teia de empresas seria, portanto, complexa. Um relatório do centro de estudos inglês Chatham House, publicado em 2009, detalhou essa rede: A CIF-Hong Kong teria a mesma morada que outros empreendimentos, incluindo a China Sonangol International Limited, em que Manuel Vicente seria supostamente diretor.
“Todos os implicados devem ser chamados”
Face a todas essas alegações, o jurista Agostinho Canando não entende por qual motivo o ex-vice-presidente angolano não é chamado a prestar declarações no Tribunal Supremo.
“Na verdade, todos os implicados nesse processo, ainda que seja apenas como declarantes ou como testemunhas, devem ser chamados para melhor verificar os fatos em discussão”, defende.
O general “Kopelipa”, que dirigiu o Gabinete de Reconstrução Nacional, negou esta semana as acusações de peculato, burla por defraudação, falsificação de documento, associação criminosa, tráfico de influência, abuso de poder e branqueamento de capitais.
“Kopelipa” rejeitou ainda que o país tenha sido lesado por sua culpa, porque, como garantiu em tribunal, “realizou os projetos mandatados e aprovados pelo Conselho de Ministros”.
Sobre essas declarações, Agostinho Canando entende que o general exerceu seu direito.
“No caso, seu direito de não aceitar o que está sendo acusado.”
O general “Kopelipa” insistiu, nesta semana, durante o julgamento, que o grande impulsionador da reconstrução de Angola com a ajuda das empresas chinesas foi o ex-vice-presidente Manuel Vicente.
Crédito: Link de origem