‘Mal da montanha’: entenda sintomas de turista brasileiro que morreu em trem no Peru | Ribeirão Preto e Franca

Professor de Orlândia morre perto de ruínas de Machu Picchu, no Peru

Apesar da suspeita, a causa da morte de Clederson ainda deve ser investigada por meio de exames periciais.

O distúrbio ocorre em locais com altitude elevada. Cusco, a cidade peruana onde o professor estava, fica a cerca de 3.400 metros acima do nível do mar.

Para entender a doença, como sintomas, prevenção e riscos, o g1 conversou com os cirurgiões vasculares Henrique Storino e Marina Britto. Veja abaixo perguntas e respostas.

O que acontece com o corpo quando mudamos de uma altitude em que estamos acostumados para uma tão elevada?

Henrique Storino explica que os efeitos da altitude começam a ser sentidos a partir dos cerca de 2.500 metros. Isso ocorre, segundo ele, porque o corpo passa a ter menos capacidade de absorver oxigênio.

“Acima de 2.500 metros de altitude, existe uma menor pressão atmosférica, e isso interfere na capacidade de o corpo absorver esse oxigênio. Com isso, a gente fica privado do oxigênio, e o corpo tenta compensar com mecanismos fisiológicos. Algumas pessoas se adaptam bem, mas outras podem não se adaptar e desenvolvem os sintomas do ‘Mal da montanha'”, diz.

O professor Clederson Marques, de Franca (SP), morreu durante viagem ao Peru — Foto: Arquivo pessoal

Quais os primeiros sintomas e como eles pioram?

Segundo o cirurgião, os primeiros sintomas da altitude são:

  • Aceleração cardíaca para poder transportar mais oxigênio para o corpo
  • Aumento da frequência respiratória
  • Dor de cabeça
  • Náuseas
  • Fraqueza
  • Fadiga
  • Perda de apetite

Depois, caso não administrados corretamente, os sintomas podem evoluir para casos mais graves.

“Normalmente, esses sintomas começam depois de 4 a 10 horas da exposição à altitude. Se não tratados, podem progredir para edema de pulmão ou cerebral”, afirma Storino.

Quais órgãos mais afetados?

Em locais mais altos, imediatamente, há um cenário de estresse em cima do sistema cardiovascular, destaca o especialista. Isso faz com que o coração bata mais rápido e afete também o sistema gastrointestinal. Em casos mais graves, o pulmão e até o cérebro são prejudicados.

O que é preciso fazer antes de viajar para lugares de grande altitude?

O cirurgião pontua que não é possível evitar totalmente os efeitos da altitude. No entanto, um bom condicionamento físico pode ajudar.

“O bom condicionamento físico nos permite a realizar um esforço maior em altitudes elevadas, mas não evita o ‘Mal da montanha’, qualquer um pode ter, até atletas extremamente bem condicionados. Quando a gente chega a um lugar desse, a aclimatação é necessária.”

Clederson Marques passava férias no Peru quando sofreu parada cardiorrespiratória dentro de trem — Foto: Arquivo pessoal

O que fazer quando já está lá em cima, mas ainda não está passando mal?

Já Marina Britto reforça a importância da aclimatação e da hidratação como tentativa de evitar ou amenizar os sintomas.

“A primeira coisa é a aclimatação. Quando a gente sabe que vai subir, a gente tem que aclimatar, ou seja, ir subindo devagar, dia após dias, de dois a três dias, no máximo 500 metros por dia, para a gente poder se acostumar com essa baixa oferta de oxigênio. Uma coisa que também ajuda é aumentar a ingestão de líquidos, porque o ‘Mal da montanha’ envolve a alteração nos fluidos corporais”, diz.

Quanto tempo o corpo ‘se acostuma’ com a altitude?

De acordo com a médica, o processo de aclimatação pode levar até três dias.

“Geralmente, leva de dois a três dias. Cada lugar tem um protocolo, porque se baseiam no que a maioria dos turistas já apresentou. Geralmente, quando segue aquele protocolo de subir, com lugares específicos em que você vai se acostumando com a baixa oferta de oxigênio, leva de dois a três dias para você conseguir subir altitudes maiores.”

Quem deve evitar viajar para lugares altos?

Como todos estão vulneráveis à doença, não há uma contraindicação a grupos específicos. Porém, Marina ressalta que pessoas mais jovens, hipertensas e obesas podem sentir mais os efeitos.

“Algumas pessoas podem ter uma sensibilidade maior, mas todos os estudos mostram que até pessoas capacitadas fisicamente não estão isentas do ‘Mal da montanha’. Qualquer pessoa está sujeita. Geralmente, pessoas mais jovens sentem mais.”

O que fazer quando está lá em cima e começa a passar mal? E depois que desce, precisa fazer algo?

A especialista alerta que, quando os sintomas começam, a primeira coisa a se fazer é parar de subir e descansar no local onde está. Caso isso não seja suficiente, é necessário descer.

“A primeira coisa é não subir mais, porque pode piorar. Pare onde está, fazendo um descanso. Se os sintomas começarem a se intensificar, a intenção é começar a descer, porque a oferta vai ficando maior, e, naturalmente, seu corpo vai voltar a trocar mais fácil de oxigênio. Então, geralmente, quando chega à altitude em que a pessoa já está acostumada, não precisa fazer mais nada.”

Pais de alunos prestaram homenagem a professor nas redes sociais — Foto: Redes sociais

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