Mais de 86 mil migrantes haitianos foram retornados à força ao país

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A OIM (Organização Mundial para Migrações) no Haiti alertou sobre a urgente necessidade de garantir rotas seguras e legais para os migrantes. Segundo a agência da ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 86 mil haitianos foram deportados à força para o país caribenho por nações vizinhas somente neste ano.

Como exemplo da exposição do grupo às ameaças, o chefe da missão da OIM no Haiti, Gregoire Goodstein, apontou o incêndio que na sexta-feira (19) matou pelo menos 40 migrantes quando o barco em que viajavam entrou em chamas na costa norte.

Migração de haitianos vem aumentando

A Guarda Costeira haitiana resgatou 41 sobreviventes e 11 foram hospitalizados, incluindo algumas vítimas de queimaduras.

A agência das Nações Unidas alerta que a migração de haitianos vem aumentando há meses com a fuga de milhares de pessoas do país devido ao “aumento na violência de gangues criminosas que agora controlam grandes faixas de território”.

Gregoire Goodstein descreve a situação socioeconômica do Haiti como sendo de agonia e a violência extrema. Nos últimos meses, a situação levou os haitianos a recorrerem a medidas desesperadas.

Vítima de tráfico de pessoas no Haiti (Foto: UNICEF)
Caos político, violência de gangues e temporada de furacões

Antes, a ONU Mulheres destacou que muitas haitianas deslocadas estão cada vez mais vulneráveis à violência sexual com a piora da instabilidade no Haiti.

Um estudo divulgado pela agência defende haver 300 mil mulheres e meninas em meio ao caos político, à violência desenfreada de gangues e a atual temporada de furacões. Cerca de 580 mil pessoas foram deslocadas no país.

A Avaliação Rápida de Gênero da ONU Mulheres ressalta o perigo enfrentado em acampamentos improvisados sem comodidades essenciais. A situação torna o grupo particularmente suscetível à violência sexual e de gênero.

A pesquisa, realizada em abril, revelou uma falta de medidas básicas de segurança, como iluminação e fechaduras em áreas críticas, incluindo quartos e banheiros. A análise envolveu seis grandes locais de deslocamento em Porto Príncipe.

Nível sem precedentes de insegurança e brutalidade

A presença de gangues e a ameaça diária de balas perdidas ampliam os perigos, destacando a necessidade urgente de maiores medidas de proteção nesses acampamentos.

O estudo também aponta que a agressão, particularmente o estupro, é uma tática frequente de atuação de gangues para controlar o acesso das mulheres à ajuda humanitária nos acampamentos.

Comentando o estudo, a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, destacou o “nível sem precedentes de insegurança e brutalidade”, incluindo violência sexual enfrentada pelas haitianas nas mãos de gangues.

Desespero econômico enfrentado pelas mulheres

A chefe da ONU Mulheres pediu medidas do Governo do Haiti para prevenir e dar resposta à violência. Outro apelo é que mais haitianas estejam na gestão dos acampamentos para assegurar que suas preocupações com a segurança sejam abordadas.

O relatório revelou ainda o desespero econômico enfrentado pelas mulheres nesses locais, onde quase 90% delas carece de fonte de renda.

Mais de 10% das residentes já consideraram ou recorreram ao trabalho sexual para atender às suas necessidades básicas, enquanto 20% tinham informação sobre alguém que se tenha envolvido no tipo de atividade.

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