O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, agradeceu ao seu homólogo americano, Donald Trump, nesta quarta-feira, pelo retorno da menina de 2 anos que foi separada dos pais durante o processo de deportação dos Estados Unidos. “Também tenho que agradecer (…) ao presidente Donald Trump, que está nos países árabes, por realizar este ato de justiça profundamente humano”, disse Maduro ao receber a criança no palácio presidencial em Caracas.
“Houve e haverá diferenças”, acrescentou o presidente da Venezuela, que rompeu relações com os EUA em 2019. Em março deste ano, Trump anunciou que seu país aplicaria uma “tarifa secundária” de 25% sobre “qualquer comércio realizado com nosso país” para “qualquer país que compre petróleo e/ou gás da Venezuela”. O republicano justificou a medida alegando que o governo de Maduro vinha sendo “muito hostil aos EUA e às liberdades que defendemos”.
A chegada da menina foi anunciada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, e pela primeira-dama, Cilia Flores. A menina estava com uma família de acolhida, depois que autoridades americanas acusaram seus pais de pertencerem à gangue Tren de Aragua, declarada uma organização terrorista pelo governo Trump. Segundo a mãe, Yorelys Bernal, 20 anos, a separação ocorreu em maio de 2024, quando ela e o marido, Maiker Espinoza, se entregaram às autoridades americanas ao entrarem clandestinamente no país.
“Bem-vinda, Maikelys”, disse Clilia ao recebê-la em seus braços, após as autoridades a retirarem de um avião norte-americano que transportava 226 migrantes venezuelanos. Ela será levada à mãe, que chegou à Venezuela em abril passado, em um voo de deportação. Enquanto isso, o pai está detido em uma prisão de segurança máxima em El Salvador, onde estão cerca de 252 venezuelanos que Trump acusa de serem criminosos.
O Departamento de Segurança Nacional dos EUA (DHS) acusa Yorelys de supervisionar “o recrutamento de mulheres jovens para tráfico de drogas e prostituição”, enquanto Espinoza é acusado de ser um “tenente” do Tren de Aragua. Ela alega que eles foram detidos porque tinham “tatuagens”, um dispositivo usado pelos Estados Unidos para vincular os imigrantes a gangues. A Venezuela descreveu a separação da menina dos pais como um “sequestro”.
Maduro chamou o incidente de “crime” e vários protestos ocorreram em Caracas para denunciar o caso da menina e dos migrantes detidos em El Salvador. Desde fevereiro, mais de 4 mil migrantes foram repatriados para a Venezuela, uma parcela deportada dos EUA e outros grupos do México, onde muitos ficaram retidos.
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Acusações
Trump acusa a Venezuela de enviar, de forma clandestina e deliberada, “dezenas de milhares de criminosos de alto nível”, muitos dos quais seriam “assassinos e pessoas de natureza muito violenta”. “Estamos no processo de devolvê-los à Venezuela – é uma grande tarefa!”, disse.
Porém, ele negou ter assinado ordem invocando uma lei de dois séculos atrás para deportar supostos membros de gangues venezuelanas, enviados para a prisão em El Salvador. Trump sugeriu que seu secretário de Estado, Marco Rubio, é que estaria mais envolvido com o assunto.
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