Antes da atual data Fifa, a CBF tomou a liberdade de divulgar toda a ampla lista dos 52 pré-convocados por Dorival Júnior, posteriormente reduzida para 23 jogadores. Em meio a uma fase de crescentes questionamentos sobre o futebol apresentado pela seleção brasileira, que foram reforçados após a vitória apertada por 2 a 1 sobre a Colômbia, na última quinta-feira, a relação permitiu não apenas ter uma noção dos nomes que o treinador mantém em seu radar para utilizar, principalmente quando há a necessidade de cortes por lesões, mas também os preteridos, o que dá recados sobre a ideia de renovação desta geração.
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Em levantamento feito pela reportagem, comprova-se que certas ligas são mais visadas pela atual comissão técnica. No comando da equipe desde janeiro de 2024, já convocou 57 nomes de oito ligas, sendo seis deles em dois diferentes clubes: 24 do Brasil, 18 da Inglaterra, 7 da Espanha, 5 da França, 4 da Itália, 3 de Portugal, 1 da Alemanha e 1 da Arábia Saudita. Para Alexandre Lozetti, comentarista do Sportv, a lista de selecionados é o menor dos problemas.
— O que me parece é que, em meio a esse excesso de opções, algo histórico do futebol brasileiro, e à incapacidade, por enquanto, da comissão técnica de montar um time à altura dos nomes, a Seleção anda em círculos. Está muito baseada em quem será o jogador, e pouco num conceito de jogo. A escolha deveria ser feita para sustentar uma ideia, um tipo de futebol que pudesse ser potencializado pelas características de cada atleta. Está aleatório demais.
Hoje em dia, as posições consideradas mais carentes no grupo são centroavante, meio e laterais. Esta última ganhou algum fio de esperança por conta da boa estreia de Wesley (Flamengo), na semana passada. Mas 25 minutos em campo foram pouco para significar algo concreto. Vanderson (Monaco-FRA), não empolgou na direita, enquanto, na esquerda, Dorival havia chamado apenas Guilherme Arana (Atlético-MG), inicialmente — Alex Sandro foi chamado para substituir o lesionado Danilo, ambos do rubro-negro.
— Na convocação anterior, não tínhamos a confirmação do retorno do Alex Sandro, assim como de outros jogadores que estavam em uma lista, e outros até que ficaram de fora, mas sempre estiveram no nosso radar. Você busca sempre tentar acelerar o processo e entender o que pode acontecer daqui uma ou duas semanas — explicou Dorival.
Um dos nomes mais sentidos entre torcedores foi de Caio Henrique, companheiro de Vanderson no Monaco, mas que sequer figurou na pré-lista, ficando atrás de Alex Telles (Botafogo), Abner (Lyon) e Douglas Santos (Zenit), que está no isolado futebol russo. Titular e considerado um dos grandes criadores de chances da equipe francesa, acumula cinco assistências na temporada da Ligue 1. Porém, ainda não foi chamado nenhuma vez por Dorival.
Caio não é o único dos nomes que vem se destacando na França. Outro jogador que tem sido cada vez mais observado é o zagueiro Alexsandro (Lille), que surgiu na pré-lista. Dorival, porém, optou por levar Danilo, mesmo que este sempre fosse levado como lateral anteriormente. Os pontos positivos são as oportunidades para Murillo (Nottingham Forest-ING), e Léo Ortiz (Flamengo), antes só convocado como suplente.
Novamente, o grupo de meio campo levado ainda não agrada, principalmente com a lesão de Gerson (Flamengo), substituído por João Gomes (Wolverhampton-ING), e as críticas que Joelinton (Newcastle-ING) recebe constantemente, um momento oposto ao que ele vive na Inglaterra, junto de Bruno Guimarães. O seu erro na origem do gol da Colômbia, na quinta, não lhe ajuda a ganhar mais moral.
Enquanto isso, Andrey Santos aguarda uma oportunidade, fazendo grande temporada emprestado pelo Chelsea ao Strasbourg-FRA, e é considerado um dos grandes atletas das cinco principais ligas europeias. Além dos nove gols e duas assistências, também se destaca nos desarmes.
Dorival não deixa de incluir outros universos em seu radar, como a Arábia Saudita, por continuar levando o goleiro Bento (Al-Nassr), inclusive preterindo Lucas Perri (Lyon) e sua crescente fase. Ao mesmo tempo, enquanto Galeno (Al Ahli), que foi convocado no Porto, surgiu na pré-lista, Marcos Leonardo (Al Hilal) sequer é lembrado. O atacante formado no Santos tem 24 gols e duas assistências em 33 jogos na temporada árabe, e já chegou a ser o artilheiro do mundo considerando o ano de 2025. Atualmente, está na terceira colocação deste ranking, com 14 bolas na rede. Com passagens nas seleções de base, o ex-Benfica tenta se credenciar à principal em algum momento.
Enquanto isso, o ataque engasga. Aposta de centroavante, João Pedro (Brighton-ING) sequer finalizou a gol contra a Colômbia, enquanto Igor Jesus (Botafogo), em má fase, foi deixado de lado. Seu antigo companheiro de clube, Luiz Henrique, agora no Zenit, também teve falta sentida.
A opção de se esconder no futebol russo cobra caro, como aconteceu com o zagueiro Nino, que saiu do Fluminense para o mesmo clube, mas imbuído em um mercado que se fecha em si, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Tentando superar a pressão vivida nos bastidores, Dorival terá o maior desafio do ainda curto trabalho: vai enfrentar a Argentina amanhã, às 21h, Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Na terceira posição das Eliminatórias com 21 pontos, o Brasil pode ver seu grande rival garantir uma vaga na Copa de 2026 justamente no clássico — só precisa de um empate para isso.
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