“Levaram-nos para uma cabine bastante pequena”: Sebastião Bugalho relata episódio na Venezuela

País

Entrevista SIC Notícias

Na SIC Notícias, o eurodeputado português explicou o que aconteceu na Venezuela, onde foi proibido de entrar antes das eleições no país. Conta que ficou sem o passaporte “por várias horas” e que foi impedido de usar o telemóvel.

Sebastião Bugalho e os outros membros do Partido Popular Europeu (PPE) foram impedidos de entrar em território venezuelano. O eurodeputado português, que disse estar “ofendido, magoado e preocupado com o que possa acontecer na Venezuela”, foi à SIC Notícias explicar o que aconteceu.

Segundo o eurodeputado, todos – as delegações do Senado espanhol, do Congresso de deputados espanhóis, do PPE e ainda uma ONG – foram “encaminhados para uma cabine bastante pequena da guarda fronteiriça da Venezuela”.

“Foram-nos levados os passaportes por várias horas e fomos impedidos de usar os nossos telemóveis por uma multidão de guardas. (…) Depois, alguém que se identificava como diretor da polícia fronteiriça venezuelana leu uma proclamação onde dizia que o Governo de Nicolas Maduro nos recusava a entrada e o estatuto de observadores eleitorais e nos acusava de sancionar a Venezuela”.

“Nós informamos o Governo”

Sebastião Bugalho, eleito pelo PSD, conta que “nunca quis entrar [na Venezuela] como observador eleitoral” e que o Governo de Maduro foi informado das intenções do grupo do PPE.

“Nós informamos o Governo, não foi de véspera e nem com má fé. Tentamos apurar junto das autoridades da Venezuela se poderíamos ou não ir ao país. Nunca nos foi respondido formalmente que não poderíamos ir. Fomos deixados num limbo de expectativa e então decidimos ir”.

Questionado se sentiu medo no momento em que foi barrado e expulso do país, Bugalho afirma que “quem tem motivos para ter receio não é o Parlamento Europeu”. “Quem tem medo de ver o que se vai passar nesse ato eleitoral é quem está no poder na Venezuela”.

“Não nos podem fazer isso e tudo continuar igual”

A delegação do PPE já decidiu que será escrito uma carta à presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, a relatar e a denunciar o que aconteceu na Venezuela.

“Nessa carta, além de denunciar o que ocorreu, certamente faremos valer o nosso ponto de vista de que, se fomos tratados dessa maneira, sabemos que tem de haver alguma reciprocidade no modo como no futuro vamos receber ou não dignitários venezuelanos nas instituições europeias. Não nos podem fazer isso e tudo continuar como se nada tivesse acontecido”, diz Sebastião Bugalho.

Sebastião Bugalho e os restantes representantes da delegação do PPE tinham sido convidados pela líder da oposição democrática, Maria Corina Machado, e pelo candidato Edmundo González Urrutia, em nome da Direção Nacional da Campanha “ConVZLA”. O pedido surgiu depois de o Presidente venzuelano Nicolás Maduro (que se recandidata ao cargo) ter retirado o convite a uma missão oficial de observação eleitoral da União Europeia (UE).

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