13 de mai de 2025 às 13:27
O padre Hugo Gabriel Sánchez, de Chiclayo, Peru, planejava há meses uma viagem com sua mãe para visitar diferentes santuários dedicados a Nossa Senhora na Europa com uma parada final em Roma.
O que o padre diocesano jamais poderia imaginar é que sua chegada a Roma coincidiria com a eleição de “monsenhor Roberto” Prevost, bispo de sua diocese por cerca de nove anos com quem mantém uma amizade, sucessor de são Pedro.
Na tarde do último domingo (12), o papa Leão XIV reservou um tempo para receber seu amigo, o padre Hugo, e sua mãe no Vaticano. “A alegria foi imensa”, disse o padre à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI. “Pudemos conversar por cerca de 30 minutos e entregar a ele uma pintura de Cusco que trouxemos do Peru”.
O gesto cativante de Leão XIV
O padre Sánchez recebeu a ACI Prensa na cúria geral dos agostinianos em Roma, perto do Vaticano, onde vivia o papa Leão XIV antes de sua eleição. O papa pediu pessoalmente aos agostinianos que seu amigo e sua mãe fossem recebidos na comunidade.
Essa proximidade, diz o padre peruano, é o que caracteriza o papa: “Desde que ele saiu de Chiclayo, ele sempre nos manda uma mensagem nos nossos aniversários, ou quando há uma ordenação sacerdotal. Ele também nos escreve se souber de algum padre com algum problema”.
Apesar de chegar a Roma em 2023, depois de nove anos na pequena diocese no noroeste do Peru, Chiclayo sempre tem um lugar especial no coração do papa Leão XIV.
O padre Sánchez ainda se lembra com visível emoção do momento da fumaça branca. “Eu estava com minha mãe no santuário de Lourdes e tinha 90% de certeza de que o Espírito Santo poderia nos dar o bispo Prevost como papa”, diz o pároco da igreja da Imaculada Conceição, no bairro José Leonardo Ortíz.
“Eu estava esperando que ele dissesse o nome do cardeal e, quando ele fez isso, minha mãe e eu choramos de alegria. Então, agradecemos a Deus e escrevi uma mensagem para ele. Ele ainda não me respondeu, mas a secretária dele me disse para ter paciência, pois ele já recebeu muitas mensagens”.
Seu amor pelo presbitério e confiança nos jovens
O padre detalha sua relação “próxima” com o papa, que se fortaleceu ao longo dos anos. “Um ano e meio depois de chegar a Chiclayo, ele já me deu várias tarefas na diocese, algo que teve impacto em mim porque eu era muito jovem na época”.
O padre Sánchez destaca particularmente o “amor ao presbitério” que o agora papa demonstrou quando bispo de Chiclayo, assim como sua confiança e compromisso com os jovens sacerdotes.
“Somos uma diocese jovem, mas temos muitas vocações. Há uma média de 80 ou 85 padres, e ele conseguiu um equilíbrio e uma harmonia entre os jovens e aqueles que estavam lá havia vários anos”, enfatizou Sánchez.
“Quando ele chegou a Chiclayo, gostava de ser chamado de padre Roberto”, disse à ACI Prensa o padre, que em poucos dias fará 15 anos de sacerdócio.
O padre Sánchez falou sobre o profundo impacto que sentiu anos atrás na catedral de Chiclayo quando ouviu o monsenhor Prevost citar uma frase de santo Agostinho. Palavras que o agora papa Leão XIV repetiu em sua primeira aparição pública na varanda da basílica de São Pedro:
“Sou filho de santo Agostinho, um agostiniano, que disse: com vocês sou cristão e para vocês bispo. Nesse sentido, podemos todos caminhar juntos rumo àquela pátria que Deus nos preparou”.
O padre Sánchez disse à ACI Prensa que o papa escolheu essa frase porque “de certa forma sentiu um certo medo ao assumir essa responsabilidade, mas também se sentiu confortado por saber que não está sozinho, mas acompanhado pelos seus irmãos na fé”.
Sempre disposto a ouvir
Sánchez falou também sobre a disponibilidade de Prevost, sempre “disposto a ouvir” e conversar com quem precisasse. “Ele sempre me tratou com muito carinho. Enquanto ouvia, ele olhava, e ouvia até o fim. Quando alguém terminava, ele dava conselhos simples, mas profundos. Ele tem um carisma muito especial”, disse o padre.
Ele também enfatizou seu desejo de que a Igreja tenha “suas portas abertas a todos os fiéis”, vivendo “o que o papa Francisco nos pediu, que era uma Igreja sinodal, sempre em posição de escuta, de acolhimento e, acima de tudo, em saída”.
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“Ele amava o papa Francisco; falava muito sobre ele, especialmente sobre sua proximidade com os mais marginalizados e descartados da sociedade. Falava sobre suas vivências com as pessoas mais próximas”, disse o padre Sánchez, que acredita que Leão XIV dará continuidade ao seu legado.
“Ele nos deu um exemplo de serviço, humildade e simplicidade”, disse o padre sobre os anos de Leão XIV como bispo de Chiclayo.
A profunda espiritualidade e a extensa formação do papa Leão XIV, com diplomas em matemática, filosofia e direito canônico, não foram um obstáculo para que seu “tratamento diário fosse simples e próximo”.
“Antes de deixar Chicago, ele já estava em estudos avançados de alemão e era fluente em vários idiomas. Mas, apesar de seu nível intelectual e formação, o que nos surpreendeu, seu relacionamento com os fiéis era muito fácil, creio que devido à sua capacidade de ouvir. Suas palavras eram simples, porém profundas, sempre focadas no Evangelho e em Cristo”, disse o padre Sánchez.
Proximidade com os mais pobres
Sánchez também destacou a proximidade de Leão XIV com os mais pobres e os habitantes da cidade, especialmente nos momentos mais críticos da pandemia de covid-19.
Há imagens marcantes da pandemia, quando ele próprio ia aos refeitórios sociais para servir os que não tinham nada. Ele sempre levava comida, doações e materiais para que as pessoas pudessem ter pelo menos uma casa pré-fabricada.
“Nesse período, ele fez muitas iniciativas, como criar duas usinas de oxigênio em locais estratégicos, perto de onde moravam as pessoas mais pobres” que necessitassem de oxigênio médico, disse o padre.
Além da capacidade de ouvir e levar a presença de Deus aos necessitados, o padre Sánchez destacou o monsenhor Prevost que sempre lhes dava algo que pudesse ajudá-los naquele momento, como comida. “Ele reviveu a Cáritas em Chiclayo, quando ela tinha praticamente desaparecido”, disse ele.
O padre Sánchez se emocionou ao falar da fé “forte, mas simples” de Chiclayo, ao mesmo tempo em que enfatiza sua proximidade com os jovens leigos. Ele sorriu ao dizer que “há um vídeo muito engraçado dele cantando com eles no Natal”.
“Ele tinha um talento especial para alcançar os jovens. Agora, nas redes sociais, podemos ver, sem exagero, milhares de chiclayanos que têm uma foto com ele”, disse o padre.
Ele ri muito, em voz alta
O padre Sánchez também destacou a postura moderada de Leão XIV, uma das características que, segundo o padre peruano, “tornou o cardeal Prevost papável”.
Sánchez disse também que o papa tem “um bom senso de humor”.
“Ele não conta piadas, mas ri muito, em voz alta, quando há uma piada engraçada”.
Por fim, o padre disse que “precisávamos de um papa cujo pontificado seja mais longo”, algo que ele espera do pontificado de Leão XIV, que completará 70 anos de idade em 14 de setembro.
“Como dizem no colégio dos agostinianos, teremos um papa por um tempo e, se Deus permitir, em algum momento ele visitará o Peru, e pela primeira vez um papa virá à diocese de Chiclayo”, concluiu Sánchez com esperança.
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