Leão 14: Cidade no Peru nomeada pelo papa retribui carinho – 10/05/2025 – Mundo

“Se vocês também me permitirem, uma palavra de saudação a todos aqueles da minha amada Diocese de Chiclayo, no Peru. Onde um povo fiel acompanhou seu bispo compartilhando sua fé e se doou muito para continuar sendo a igreja fiel de Jesus Cristo”, disse Robert Prevost em seu primeiro discurso como papa Leão 14.

“A gente não sabia como traduzir ‘Chiclayo’, pensamos que era uma expressão em latim”, conta uma produtora de TV americana, que veio à cidade de cerca de 600 mil habitantes no noroeste do Peru, a 770 km de Lima.

Na semana passada, os funcionários da catedral em que Prevost foi bispo gritaram em comemoração quando souberam que ele era o novo papa. “Podem falar o que quiserem, ele é peruano, escolheu o nosso país”, diz a voluntária Dolores Perez, 67, enquanto arruma as flores em torno do altar de uma capela.

Nos dias após a nomeação, os moradores resolveram retribuir a homenagem feita pelo pontífice em sua primeira fala e enfeitaram a praça principal com cartazes e um telão com fotos de Leão 14 e faixas escritas “Chiclayo foi abençoada”.

Na praça, as comemorações para o Dia das Mães que já estavam previstas para este domingo (11), com músicas típicas e apresentações das crianças da cidade agora dividem espaço com homenagens ao pontífice. “É um momento muito especial para todos nós, que orgulho sermos de Chiclayo”, diz o locutor.

Dizendo estar surpreso e emocionado com a conquista de Prevost, o jornaleiro Alberto Morales, 65, afirma que ao menos os peruanos têm algo a comemorar agora. “Viu a diferença do papa para a nossa classe política?”, questiona, ao apontar uma capa de jornal em que uma imagem de Prevost andando a cavalo em um distrito pobre da cidade, quando ela foi atingida pelo El Niño em 2023, divide espaço com uma denúncia de corrupção de políticos locais.

Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, o novo papa foi ordenado padre em 1982 e veio em missão ao Peru em seguida. Entre idas e vindas, viveu no país latino por mais de 20 anos. Após ser nomeado pelo papa Francisco administrador apostólico da Diocese de Chiclayo, em setembro de 2015, ele se tornou oficialmente bispo da cidade e obteve a nacionalidade peruana. Ocupou a função até 2023, quando foi nomeado cardeal pelo papa argentino.

“Ele costumava brincar com os nomes das duas cidades, dizia que tinha vindo para cá por destino, tendo nascido em Chicago e vindo viver em Chiclayo”, conta a vendedora Lula Botey, 45. “Foi realmente comovente, ele usava suas homilias para invocar a caridade e cobrava que os políticos pensassem no bem comum.”

Nos últimos dias, os moradores da cidade têm compartilhado nas redes sociais diferentes fotos de sua vida na cidade: trabalhando com comunidades carentes, visitando povos indígenas e mantendo uma rotina simples.

“Parte dela era aqui, em uma destas mesas”, conta um dos administradores do restaurante Las Americas, Rodrigo Couto Vasquez, 36. “Ele saía da catedral, aqui ao lado, atravessava a rua e vinha tomar café da manhã ou almoçar. Geralmente comia alguma coisa leve durante a semana. A culinária peruana da nossa região o conquistou.”

Do lado de fora do restaurante, os turistas param para tirar fotos em frente a um dos quadros, que indica: “Aqui comia o papa, comida abençoada, comida com fé”. Vasquez conta que Prevost apreciava pratos típicos da culinária criolla, como o frito de cerdo (à base de carne suína, mandioca e batata-doce). Também vinha comer ceviche e arroz com pato.

A avó do administrador, Lucila Ramos Bobadilla, 86, conheceu Prevost na Associação das Adoradoras do Santíssimo da Catedral de Chiclayo. “Ela conviveu de perto com ele por muitos anos. Em seu último aniversário no Peru, era uma das mais animadas cantando parabéns. Está tão emocionada por ele ter se tornado papa que até evitamos que ela fale muito sobre isso”, diz Rodrigo.

“O que mais me recordo dele foi a sua postura durante a pandemia de Covid-19”, conta Janina Sesa, 38. Aproveitando-se de sua proximidade com os empresários da cidade, uma das mais atingidas do país, ele lançou uma campanha para a construção de unidades para a produção de oxigênio, além da doação de máscaras.

“Agora ele tem de vir logo ao Peru, tem de ser a primeira visita dele como papa ou uma das primeiras”, diz o taxista Ronald Méndez, 41, expressando uma preocupação de muitos moradores da região: que Leão 14 não repita com o Peru o que ocorreu com o papa Francisco, que não chegou a visitar a Argentina durante o seu pontificado.

Em um comunicado à imprensa, o atual bispo da cidade, Edinson Farfán Córdova, parece tentar diminuir essa apreensão. Ele disse que o Peru nunca saiu do coração do pontífice. “O papa é nosso irmão, que passou por estas terras, trabalhando em Chulucanas, Trujillo e Chiclayo. Ama profundamente o nosso país.”

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