Jornal de Leiria – “Fungagá da Bicharada” em afrobeat e o Festival A Porta a reinventar José Barata-Moura

O programa de televisão estreou em 1976 na RTP e ainda no mesmo ano chegou o disco, um LP, com as canções escritas por José Barata-Moura.

“Fungagá da Bicharada”, que dá o nome ao álbum, é a primeira faixa de uma lista que continua a marcar gerações – são raros os pais (e ainda menos os filhos) que não conhecem o Galo Badalo e a Galinha Balbina, o pato equilibrista Patolas Patatchim, o Cão D. Pantaleão (e o outro cão) ou a história do Papagaio Caio, da D. Vicência Sampaio e da amiga, a D. Carlota Bexiga.

A oportunidade para revisitar a obra de José Barata-Moura – que popularizou clássicos como “Olha a Bola, Manel” ou “Joana, Come a Papa” – apresenta-se no Festival A Porta, em Leiria, no domingo, com versões do compositor, cantor e produtor Alex D’Alva Teixeira, que recorre a roupagens inéditas e surpreendentes. Por exemplo, o “Fungagá da Bicharada” em ambiente afrobeat e outros temas tomados por influências do baile funk ou do reggaeton.

Fazer uma Canção, agendado para 16 de Junho, às 16 horas, no contexto do programa Portinha, vocacionado para crianças e famílias, é um espectáculo do Teatro Praga escrito por André e. Teodósio e interpretado por Alex d’Alva Teixeira que funciona como homenagem a José Barata-Moura e será apresentado pela primeira vez fora de um auditório.

O cenário são as ruínas do Convento dos Capuchos, onde decorre a nona edição do Festival A Porta.

É uma peça de teatro que utiliza uma lógica de concerto” e “uma componente de interacção com o público”, comenta Alex D’Alva Teixeira, que já em 2023 esteve no Festival A Porta e que também no ano passado remisturou o tema “Energy”, da dupla Sfistikated, de Leiria.

É, por outro lado, “quase como uma palestra”, que “tem por base a conexão entre a filosofia e a arte”.

Como se eu assumisse o papel de professor e fosse uma aula cantada”, diz ao JORNAL DE LEIRIA, na antecipação do encontro do próximo fim-de-semana, que pretende que seja “muito espontâneo”.

A performance estreada em 2021 tem origem no Festival Filo-Lisboa e numa encomenda sobre um filósofo, a sua vida e a sua obra musical. De que matéria é feita a música? Serão a música e a arte coisas diferentes? As duas primeiras frases da sinopse situam os termos em que se divaga através do cancioneiro de José Barata-Moura, filosófo e professor, que em vários momentos do álbum Fungagá da Bicharada inscreve o espírito da Revolução dos Cravos e da luta de classes. A viagem entre o passado e o presente articula-se com a história de vida de Alex D’Alva Teixeira, que “desde o Festival da Canção à sua paróquia local, já cantou em todo o lado”, pode ler-se no mesmo texto.

É importante pensar no José Barata-Moura como uma figura de Abril”, realça o músico de 34 anos, a residir em Portugal desde a infância, mas natural de Angola e filho de mãe brasileira.

Olhei para este desafio como a oportunidade para pensar como é que eu ia interpretar estas canções nos dias de hoje”, explica. “Parto de uma lógica de não infantilizar as crianças e tratar este público como trataria qualquer outro público”, sinaliza. “A música que os mais novos ouvem não está muito distante das músicas que nós gostamos de ouvir”.


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