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Dos 51 produtos nessa área importados pelos Estados Unidos, o Brasil tem reservas de vários tipos de minerais, como cobre, lítio, silício e terras raras. Para o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, em algum momento o governo americano deve tratar do assunto com o Brasil. A oferta de minerais críticos e estratégicos se tornou uma questão de geopolítica para Trump, em sua opinião.
— Trump reproduz, de maneira colonialista, sua intenção de tomar posse desses minerais, inclusive do Canadá. Dos 51 minerais de que os EUA precisam, 16 precisam ser importados — afirma Jungmann.
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Ronaldo Carmona, professor da Escola Superior de Guerra (ESG), ressalta que, na corrida tecnológica em torno da quarta revolução industrial, os minerais estão no centro do conflito entre EUA e China e, agora, na guerra entre Ucrânia e Rússia e na disputa do Ártico.
O Brasil, lembra Carmona, tem a maior reserva de nióbio (94% do mundo), a segunda maior de grafite, a terceira de terras raras e níquel e a quinta produção de lítio do planeta.
— Se aumentarmos o conhecimento de nosso território, subiremos posições nestes e em outros minerais críticos e nos colocaremos definitivamente como uma grande potência minerária, talvez a maior do mundo. Portanto, o Brasil torna-se potencialmente um dos grandes alvos dessa grande disputa geopolítica global — diz Carmona, que dá aula de Geopolítica na ESG.
O especialista acredita que isso pode ser um enorme fator de força do Brasil, inclusive como instrumento para alavancar interesses em outras esferas, como na reindustrialização do país ou para acordos de transferência de tecnologia.
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Bruno Drummond, sócio-fundador da Drummond Advisors — empresa que lida com planejamento tributário, compliance e internacionalização de negócios entre Brasil e EUA —, avalia que o crescente interesse do governo americano reflete uma estratégia global para fortalecer cadeias de suprimento e reduzir dependências externas.
Nos últimos anos, ressalta Drummond, Washington tem buscado expandir parcerias, reforçando a importância desses recursos para setores como tecnologia, energia e defesa.
Para o Brasil, que exportou cerca de 400 milhões de toneladas de minérios em 2024, totalizando aproximadamente US$ 43,4 bilhões (R$ 250 bilhões), segundo o último balanço divulgado pelo Ibram, essa movimentação representa oportunidades.
— Com o crescente interesse dos EUA em diversificar sua cadeia de suprimentos, o Brasil pode se posicionar de forma competitiva ao fortalecer sua governança, aprimorar padrões ambientais e consolidar sua presença no mercado americano — diz Drummond.
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Os minerais críticos e estratégicos são recursos importantes para o desenvolvimento econômico e tecnológico. O nióbio, por exemplo, é considerado essencial para a indústria siderúrgica, viabilizando ligas leves e resistentes de aços avançados, materiais magnéticos e supercondutores.
Exportação para a china
O lítio é considerado estratégico para o armazenamento de energia em baterias, sendo utilizado em carros, aviões, celulares e também em tecnologia nuclear. Já o silício é utilizado em chips de computadores e outros dispositivos eletrônicos, em semicondutores, células solares e vidros especiais. É preciso mais cobre para a construção de usinas eólicas e transmissão de eletricidade. Terras raras (17 elementos químicos) são essenciais para a produção de smartphones, computadores, veículos elétricos e equipamentos militares.
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Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a definição de minerais críticos e estratégicos é fundamental na formulação de políticas. São essenciais para os setores tecnológico, agrícola, industrial e de transição energética.
O órgão informa que a balança comercial é positiva para esses minerais. Em 2024, as exportações superaram 2 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 6,3 bilhões (R$ 36,4 bilhões). Os principais destinos foram a China, responsável por 24%, e a Alemanha, com 12% do total. Por outro lado, o Brasil importou aproximadamente 400 mil toneladas desses minerais em 2024, com custo de US$ 4,392 bilhões (R$ 25,3 bilhões).
“O MME tem mantido, nos últimos anos, um diálogo contínuo com governos de diversos países sobre a transição energética e os insumos minerais necessários para viabilizá-la, entre eles, os Estados Unidos. O Brasil busca estabelecer parcerias estratégicas para ampliar sua participação na oferta global de minerais críticos e estratégicos, além de fortalecer sua indústria de transformação mineral”, diz a pasta.
Segundo a gerente de Assuntos Minerários do Ibram, Aline Nunes, o tema ganhou mais evidência nos últimos anos, com o aquecimento global. Já Jungmann destaca que havia uma negociação em andamento com o governo do antecessor de Trump, Joe Biden, tendo como meta o uso desses produtos para reduzir as emissões de carbono. Porém, tudo indica que a política terá de ser revista.
— Detemos uma boa quantidade de recursos e boa parte deles vai atender à demanda de tecnologia para a descarbonização — afirma Nunes.
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