
Um total de 56% dos inquiridos num inquérito realizado em Cabo Verde considera que o país deve adotar o crioulo como língua oficial, em paridade com o português, menos oito pontos percentuais que em 2022.
O estudo foi realizado pela Afrobarometer, entre agosto e setembro de 2024, com 1.200 inquiridos, e divulgado hoje, numa altura em que o tema voltou ao debate público, a propósito dos 50 anos da independência, que se celebram a 05 de julho.
“Mais de metade (56%) dos cabo-verdianos considera que chegou o momento de Cabo Verde adotar o crioulo como língua oficial com o mesmo estatuto que o português”, lê-se no sumário da sondagem, com o título a indicar que a medida “continua a não ser um tema consensual”.
As respostas revelam uma diminuição no apoio à oficialização da língua materna, em comparação com o inquérito realizado em 2022, quando 64% dos cabo-verdianos era favorável à medida.
Quanto ao uso do crioulo no ensino, 69% dos inquiridos concorda com a sua introdução nas escolas primárias, um recuo de nove pontos percentuais em relação a 2022.
O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, tem defendido que deveria haver um consenso para a oficialização da língua materna, em paridade com o português, a par da celebração dos 50 aos da independência do país.
A Constituição de Cabo Verde define no artigo 9.º que a língua oficial do arquipélago é o português, cabendo ao Estado “promover as condições para a oficialização da língua materna cabo-verdiana, em paridade com a língua portuguesa”, acrescentando: “todos os cidadãos nacionais têm o dever de conhecer as línguas oficiais e o direito de usá-las”.
A lei magna faz ainda referência ao idioma no artigo 7.º, referindo que uma das tarefas do Estado é “preservar, valorizar e promover a língua materna”, assim como no artigo 78.º, do direito à cultura, para “incentivar o seu uso na comunicação escrita”.
Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?
Podes apoiar a partir de 1€ por mês.
Crédito: Link de origem