IFC vai abrir escritório conjunto com Banco Mundial na Guiné-Equatorial


“Nos últimos anos aumentámos significativamente a presença na África Lusófona: temos hoje representantes em quatro dos seis PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa] e tenho o gosto de anunciar que vamos abrir um quinto escritório conjunto com o Banco Mundial na Guiné Equatorial”, referiu Sérgio Pimenta.


Sérgio Pimenta falava na abertura do Fórum de Investimentos na África Lusófona, organizado pela IFC, braço do Banco Mundial para o setor privado, na ilha do Sal, Cabo Verde.


“Alavancando todos os instrumentos do grupo Banco Mundial aumentámos consideravelmente os nossos investimentos, com mais de 39 projetos de cerca de 4,2 mil milhões de dólares [3,8 mil milhões de euros] investidos nos últimos sete anos”, referiu.


Os dados representam “uma mudança muito importante e significativa nas operações e estamos muito gratos aos nossos parceiros, particularmente os nossos clientes do setor privado. Graças a esta colaboração fomos capazes de apoiar, com financiamento a longo prazo, um grande número de empresas nos países de língua portuguesa”, acrescentou.


Na abertura do fórum, aquele responsável destacou que, perante o “clima de incerteza” no panorama internacional, o setor privado vai ter de desempenhar “um papel fundamental” para a prosperidade do continente africano.


A população jovem e em crescimento aliada à digitalização e inovação são uma vantagem para estratégias de longo prazo que juntem o setor público e privado com as instituições financeiras.


Sérgio Pimenta identificou três setores estratégicos: o turismo, a agricultura – porque em África há “insegurança alimentar crónica” e o continente tem de responder às suas necessidades – e o setor da energia, sendo que os níveis de acesso nos PALOP estão “bem abaixo da média” do continente – em que mais de 600 milhões de africanos continuam sem acesso a energias.


Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde, reiterou a ambição de duplicar o potencial de crescimento económico com inclusão social, considerando-o como “o grande desafio para não se manter tudo na mesma” nos países africanos.


Aos governos compete criar um ambiente institucional e de negócios favorável, defendeu, e acelerar a transição digital na administração pública, porque “quando a burocracia leva dois `r` [letra R] fica tudo muito complicado”.


Um ideia sublinhada pelo vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, no primeiro painel do fórum, lançando um apelo para “soluções criativas” que permitam estabelecer parcerias público-privadas para acesso a capital e experiência e que acelerem o desenvolvimento.


O Governo cabo-verdiano aproveitou a cerimónia para distinguir Sérgio Pimenta com uma medalha de mérito profissional, entregue em nome de todos os países lusófonos, referiu Ulisses Correia e Silva.


O anúncio de hoje do IFC sobre a Guiné-Equatorial colocou o foco num país que já faz parte do Compacto Lusófono, instrumento de financiamento.


A descoberta de reservas de petróleo ao largo da costa da Guiné-Equatorial por empresas dos EUA, em 1996, tornou-o num dos países com maior rendimento `per capita` (por pessoa) em África, mas a descoberta não se traduziu em bem-estar para a população: a nação ocupava em 2023 o 145.º lugar entre 191 Estados no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas.


Os relatos de pobreza e fome que saem do país são frequentes, apesar da limitação às liberdades: a Guiné Equatorial (a par de Angola) está entre os países africanos da lusofonia com pior pontuação no relatório “Liberdade no Mundo 2025”, publicado em fevereiro pela organização Freedom House, listado na categoria `Não Livre`.

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