Presente em mais de 100 países, a IFC utiliza o seu capital, experiência e influência para criar mercados e gerar oportunidades económicas sustentáveis. Em Cabo Verde, a IFC tem vindo a intensificar a sua actuação.
Só em 2024 a IFC, comprometeu um valor recorde de 56 mil milhões de dólares com empresas privadas e instituições financeiras, “promovendo soluções inovadoras e mobilizando capital para alcançar o objectivo de um mundo sem pobreza num planeta habitável”, refere a instituição.
Em Cabo Verde, onde está presente de forma permanente desde 2024, a IFC tem vindo a intensificar a sua actuação com o objectivo de impulsionar o crescimento económico através do fortalecimento do sector privado. O país integra actualmente um grupo restrito de 21 nações seleccionadas para implementar o modelo Joint Country Representative (JCR) do Grupo Banco Mundial – uma abordagem que unifica a liderança das cinco instituições do Grupo (IBRD, IDA, IFC, MIGA e ICSID), promovendo uma intervenção mais coordenada, estratégica e alinhada com as prioridades nacionais.
A actuação da IFC no país centra-se na mobilização de investimento, apoio a pequenas e médias empresas (PME) e promoção de reformas que melhorem o ambiente de negócios. Sectores como o turismo, as energias renováveis, os transportes, a economia azul e a transformação digital estão entre as áreas prioritárias.
Para além do financiamento directo a empresas, a IFC presta também aconselhamento técnico ao Governo, contribuindo para a criação de um ambiente mais favorável ao investimento e à competitividade.
O reforço da presença da IFC em Cabo Verde é visível no aumento significativo do seu portfólio de investimentos.
No ano fiscal encerrado em Junho de 2024, foram mobilizados cerca de 100 milhões de dólares em projetos no país – valor que representa quase metade dos investimentos da instituição nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) durante o mesmo período.
Entre os projectos de maior relevo destaca-se o financiamento de 35,5 milhões de euros ao Grupo Oásis Atlântico, uma das principais cadeias hoteleiras do país. Este apoio visa reforçar a liquidez de três unidades turísticas, preservar cerca de 700 empregos directos e mais de 20 mil indirectos, além de garantir a sustentabilidade da rede de aproximadamente 700 PME locais integradas na cadeia de fornecimento. O investimento contempla ainda metas de melhoria da governação e de boas práticas ambientais.
Outro projeto importante é o empréstimo de 20 milhões de euros à Cabo Verde Airports SA, subsidiária da VINCI Airports, responsável pela operação dos sete aeroportos do país.
Trata-se do primeiro empréstimo da IFC em Cabo Verde com metas vinculadas à sustentabilidade, incluindo a redução de emissões de gases com efeito de estufa e a obtenção de certificações ambientais. O objectivo é modernizar as infra-estruturas aeroportuárias, vitais para o turismo, que representa cerca de um quarto do PIB nacional.
Para os próximos anos, a IFC já identificou uma carteira potencial de investimentos de 50 milhões de dólares em áreas estratégicas, com vista a acelerar um desenvolvimento mais sustentável, inclusivo e liderado pelo sector privado. “A ambição é clara: contribuir para uma economia mais resiliente, com maior geração de emprego e novas oportunidades para a população cabo-verdiana”, destaca a instituição.
Diagnóstico sobre o Sector Privado em Cabo Verde
No ano passado, a IFC lançou o Diagnóstico sobre o Sector Privado em Cabo Verde a instituição aponta para caminhos e traça recomendações que o país deve seguir para um sector privado mais diversificado.
Turismo, Economia Azul e Economia Digital são três dos campos que a instituição destacou no relatório.
Segundo o documento, a análise de nichos novos e de alto potencial “indica um potencial significativo de crescimento nos três novos segmentos de mercado identificados”, especialmente, refere o documento, se estes forem combinados com “melhorias nas práticas de sustentabilidade e economia circular nas ofertas existentes”.
No sector turístico a IFC destaca o turismo criativo e cultural que “exige ênfase inicial no planeamento estratégico”.
“Este planeamento deve basear-se numa coordenação reforçada entre os sectores do turismo e da cultura e incentivar o diálogo público-privado. As acções de curto prazo devem dar prioridade ao aumento da disponibilidade de dados, incluindo a intensificação das iniciativas de formalização em curso no sector cultural, para aumentar a consciência do seu potencial para o turismo e a criação de valor” aponta o documento consultado pelo Expresso das Ilhas. Além disso, “estes esforços de planeamento podem servir de base ao financiamento e à capacitação para o desenvolvimento de produtos do turismo criativo e cultural”.
Entre outras de diversificação da economia nacional, a IFC aponta o iatismo, a Economia Azul, o sector digital.
Relativamente ao iatismo, Cabo Verde, aponta a IFC, tem “todos os elementos essenciais para se tornar um destino turístico de iatismo de primeira linha”, enquanto no que respeita à Economia Azul aponta que as opções de políticas propostas “destinam-se a criar um ambiente mais favorável ao crescimento sustentável” neste sector, proporcionando a “potenciais investidores um quadro claro e transparente em matéria de regulamentação e incentivos”, assim como “informações sobre a sustentabilidade a longo prazo do capital natural marinho e dos ecossistemas de que estes sectores dependem”.
No que respeita ao Digital a IFC defende que para que a economia de Cabo Verde passe por “transformações e disrupções tecnológicas”, é essencial que se estabeleçam “estratégias com visão de futuro e uma vontade de adaptar as instituições e políticas públicas”. Neste campo inclui-se “a criação de novas oportunidades no sector privado”, assim como “progresso contínuo na construção dos alicerces da economia digital”, que passa pelo investimento em infra-estruturas e ferramentas “para expandir o acesso, melhorar o desempenho da rede, reduzir custos e promover a literacia digital”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1225 de 21 de Maio de 2025.
Crédito: Link de origem