Haiti se despede do gigante literário Frankétienne em funeral solene

PORTO PRÍNCIPE, Haiti — O Haiti se despediu solenemente de Jean-Pierre Basilic Dantor Franck Étienne d’Argent, conhecido como Frankétienne, em um funeral realizado na Igreja de São Pedro em Pétion-Ville em 28 de fevereiro. Pessoas em luto lotaram a igreja, desde dignitários do governo até colegas artistas, escritores e leitores devotos, refletindo o profundo impacto que Frankétienne teve na cultura haitiana.

Frankétienne, que faleceu aos 88 anos, deixou um legado literário e artístico inigualável. Sua obra abrangeu romances, poesias, ensaios, teatro e pintura, influenciando gerações no Haiti e além.

Homenageando uma figura literária imponente

Durante todo o culto, os oradores prestaram homenagem às imensas contribuições de Frankétienne. O primeiro-ministro Alix Didier Fils-Aimé o saudou como um ícone haitiano cuja influência transcendeu gerações.

“O Haiti perdeu um gigante de todos os tempos, um gênio lendário”, disse Fils-Aimé. “Frankétienne, uma das figuras mais proeminentes das artes visuais e da literatura haitiana, é um ícone indomável, imortalizado por meio de sua obra.”

Bendgy Tilias, Secretário de Estado da Comunicação, ecoou esses sentimentos.

“Devemos ser gratos a Frankétienne, que representou um gigante na literatura do país”, disse Tilias. “O escritor se foi, mas suas obras permanecerão imortais.”

Um legado de resistência e inovação

Frankétienne era conhecido não apenas por seu gênio literário, mas também por seu compromisso inabalável com a justiça social. Um defensor ferrenho do crioulo haitiano, ele fez história em 1975 com Dézafi, o primeiro romance moderno escrito inteiramente em crioulo. Seu trabalho estava profundamente entrelaçado com as lutas políticas do Haiti, frequentemente servindo como uma forma de resistência contra a ditadura e a opressão.

Seu estilo distinto — misturando surrealismo com crítica social severa — ajudou a definir o espiralismo, um movimento literário que ele cofundou, que abraçou o caos como uma expressão artística e política.

Ao longo dos anos, suas contribuições foram reconhecidas globalmente. Frankétienne foi indicado ao Prêmio Nobel de 2009, um Artista pela Paz da UNESCO e um Comandante da Ordem das Artes e Letras. Em 1988, ele serviu brevemente como Ministro da Cultura do Haiti.

Uma nação presta suas homenagens

Na noite anterior ao funeral, uma cerimônia homenageou a vida e a obra de Frankétienne, com a presença de ex-ministros, diplomatas e figuras literárias. O encontro refletiu sobre seu impacto duradouro, celebrando seu papel como um tesouro nacional e uma força literária global.

À medida que o cortejo fúnebre se movia por Pétion-Ville, os enlutados se alinhavam nas ruas, alguns segurando cópias de seus livros, outros cantando músicas inspiradas em seus escritos. O serviço foi concluído com uma interpretação sincera de Haiti Chérie, uma homenagem ao país que Frankétienne amou profundamente e retratou em sua obra.

Cenas da despedida de Frankétienne.

Despedida final

Enquanto o Haiti lamenta a morte de Frankétienne, suas palavras e arte continuam a ressoar. Seu legado, profundamente enraizado na experiência haitiana, viverá através das gerações que ele inspirou.

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