Haiti: O calvário continua com o brutal assassinato de duas religiosas em Mirebalais

A Fundação AIS lamenta profundamente a trágica perda de duas religiosas da Congregação das Irmãzinhas de Santa Teresa do Menino Jesus, brutalmente assassinadas por gangues armados em Mirebalais, cerca de cinquenta quilómetros a nordeste da capital haitiana, Port-au-Prince.

As duas irmãs, Irmã Evanette Onezaire e Irmã Jeanne Voltaire, estavam em missão na cidade de Mirebalais na passada segunda-feira quando, devido aos ataques de gangues armados, foram obrigadas a refugiar-se com outras pessoas numa casa. Infelizmente, os atacantes descobriram o esconderijo e mataram todo o grupo.

O facto de os gangues armados terem começado a actuar também em Mirebalais, a dezenas de quilómetros da capital, cidade já quase totalmente dominada por criminosos, reflecte o agravamento considerável da situação no país nos últimos dias.

“Durante este ataque, várias pessoas foram mortas, incluindo as duas irmãs da congregação local das Irmãzinhas de Santa Teresa do Menino Jesus. Todos os prisioneiros fugiram e os bandidos estão a ocupar a cidade”, confirmou D. Max Leroy Mésidor, Arcebispo de Port-au-Prince, à Fundação AIS, no final da tarde desta quarta-feira, 2 de Abril.

Marco Mencaglia, director de projectos da AIS, que visitou a congregação de Mirebalais durante uma das suas viagens ao Haiti – esta é uma das congregações que a fundação pontifícia apoia no país –, expressou a sua profunda consternação pela morte das duas religiosas e pela crescente violência no Haiti, que atingiu níveis alarmantes e afecta seriamente a Igreja local.

“Rezamos pelo seu descanso eterno, pelas famílias e pela segurança da congregação. Da parte da Ajuda à Igreja que Sofre, reiteramos o nosso apoio e solidariedade para com a Igreja haitiana e fazemos um apelo urgente à oração de todos face à escalada da violência e ao seu impacto devastador na comunidade”, disse Mencaglia.

“O HAITI ESTÁ EM CHAMAS…”

Em declarações exclusivas à AIS, Monsenhor Mésidor explica que a situação no país se agravou e que a terrível crise provocada pelo recrudescimento da violência dos gangues está a afectar radicalmente a presença da Igreja na capital.

“Vinte e oito paróquias da arquidiocese de Port-au-Prince estão encerradas, enquanto cerca de quarenta estão a funcionar a um ritmo reduzido devido ao controlo dos gangues nos seus bairros.  Os padres foram obrigados a fugir, procurando refúgio junto das suas famílias ou de outros membros do clero. Precisam de ajuda. A arquidiocese também está em dificuldades”, explica o arcebispo. “Aqui no Haiti, a nossa Quaresma é verdadeiramente uma provação, mas oferecemo-la em comunhão com os sofrimentos de Cristo. O Haiti está em chamas e precisa urgentemente de ajuda, quem virá ajudar-nos?”, pergunta dolorosamente.

Numa carta aos religiosos e religiosas da arquidiocese, datada de 30 de Março, D. Mésidor, enquanto arcebispo de Port-au-Prince, descreveu a gravidade da crise que se está a viver na sua diocese. “Estamos a viver um dos piores momentos da nossa história como povo. Para não pôr sal na ferida, abstenho-me de enumerar tudo o que estão a sofrer devido à insegurança generalizada que afecta os nossos compatriotas há vários anos. No entanto, não posso deixar de recordar alguns acontecimentos das últimas duas semanas: as comunidades religiosas foram deslocadas, muitas das suas escolas foram encerradas, as irmãs idosas e doentes tiveram de ser evacuadas a meio da noite e as congregações tiveram de abandonar os seus lares de idosos sem lugar para acolher as irmãs doentes.”

A mensagem continua: “A lista de congregações religiosas em dificuldades é longa. Não tenho palavras para descrever o que está a acontecer actualmente em Port-au-Prince. É uma realidade incrível. Os nossos irmãos e irmãs consagrados fazem parte activa do sofrimento do nosso povo”, disse o prelado na carta.

“O assassinato das duas religiosas é uma triste confirmação do tremendo sofrimento por que estão a passar as congregações”, afirma Mencaglia. A Fundação AIS apela também à comunidade internacional para que não abandone a Igreja e o povo haitiano neste momento de extrema angústia. “A situação exige respostas concretas e solidariedade. A Igreja no Haiti está a sofrer, mas não está a perder a fé”, conclui o director do projecto.

Maria Lozano – Fundação AIS

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