O Haiti vive atualmente uma das piores crises humanitárias do século XXI. A capital, Porto Príncipe, encontra-se sob o domínio de grupos armados, que controlam cerca de 85% da cidade. Assassinatos, sequestros, violações e ataques a hospitais e escolas tornaram-se parte da vida quotidiana. Milhares de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas, enquanto a insegurança alimentar atinge quase metade da população.
A diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Amy Pope, visitou recentemente o país e descreveu o cenário como “complexo e desesperador”. Sublinhou a dificuldade de acesso às comunidades mais vulneráveis e apelou ao reforço da segurança, da estabilidade e do financiamento para as operações humanitárias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o colapso dos serviços de saúde. O aumento da violência tem impedido o acesso a cuidados básicos, e surtos de cólera reaparecem em várias regiões. Segundo dados recentes, as agressões contra profissionais de saúde aumentaram nove vezes em comparação com anos anteriores.
A fome é outra face desta crise. Estima-se que um em cada dois haitianos vive em situação de fome aguda. Com os mercados bloqueados e os serviços públicos interrompidos, muitas comunidades enfrentam dias sem qualquer acesso a alimentos ou água potável. Os números da ONU revelam uma escalada dramática na desnutrição infantil e no número de deslocados internos.
Para responder à gravidade da situação, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, em 2023, uma Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MSS), liderada pelo Quénia. Esta força internacional tem como objetivo apoiar a Polícia Nacional Haitiana, restaurar a ordem e criar condições mínimas para a realização de eleições democráticas. Desde o início de 2025, centenas de agentes de países como Jamaica, Belize e Bahamas começaram a chegar ao território haitiano.
A crise no Haiti não é apenas um desafio humanitário — é um apelo urgente à solidariedade internacional. O sofrimento do povo haitiano exige uma resposta sustentada, coordenada e centrada nos direitos humanos. A reconstrução de um Haiti seguro, estável e livre só será possível com o apoio contínuo da comunidade internacional.
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