O embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, afirmou nesta quinta-feira que a deputada federal licenciada, Carla Zambelli (PL-SP), pode ser presa a qualquer momento. Mosca entregou pessoalmente ao Ministério das Relações Exteriores da Itália o pedido de extradição de Zambelli.
— Há uma mobilização e uma operação para deter a deputada, porque ela está na lista de difusão vermelha da Interpol. As autoridades italianas acataram o pedido e ela poderá ser presa a qualquer momento — disse o diplomata em entrevista à GloboNews.
Mosca esclareceu, no entanto, que não há uma operação de busca e apreensão. Com isso, Zambelli não poderia ser presa no que seria considerado seu domicílio na Itália. Acrescentou que há um mandado de prisão provisória para dar prosseguimento a uma possível extradição.
— As forças policiais italianas estão trabalhando na investigação e na localização dessa foragida da Justiça brasileira, para efetuar a prisão.
Perguntado se o fato de a parlamentar ter dupla cidadania não poderia impedir que ela fosse extraditada para o Brasil, o embaixador explicou que, embora as constituições do Brasil e da Itália não permitam que isso aconteça com cidadãos nacionais, há exceções. Uma delas é quando há um tratado de extradição bilateral entre os dois países, que existe hoje.
— A nossa cooperação penal e judiciária é muito eficaz, muito produtiva. Há, hoje, 14 pedidos de extradição de brasileiros, quatro deles de ítalo-brasileiros. E, recentemente, ainda este ano, tivemos a extradição de um ítalo-brasileiro.
O diplomata ressaltou que a extradição é uma decisão soberana e autônoma da Justiça e do governo italianos, mas a Constituição não veta totalmente essa possibilidade. Ele lembrou que há antecedentes, como o caso do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão.
Mosca afirmou que houve várias manifestações de parlamentares italianos que defendem a extradição. Para eles, Zambelli não pode ser considerada intocável, uma vez que ela está em dívida com a Justiça.
Ao ser perguntado sobre a receptividade das autoridades italianas em relação ao pedido do governo brasileiro, o embaixador disse que a questão é técnica: com o pedido em mãos, a Itália cumpre uma solicitação de captura de uma foragida e em seguida esse pedido passa a tramitar imediatamente, assim que ela for capturada, na Justiça italiana. Esse é o procedimento normal. Então, não cabe ao governo se manifestar nem a favor, nem contra neste momento.
Segundo Mosca, após a deputada ser capturada, o Judiciário italiano fará uma avaliação em que ela terá amplo direito de defesa. Ele acredita que esse processo deve levar menos de um ano.
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