Há 300 anos, esta família inventou uma das receitas mais raras do mundo e nem mesmo tecnologia é capaz de reproduzi-la
Na era das impressoras 3D e da inteligência artificial, há um prato que segue imune à modernidade: o filindeu, ou “fios de Deus”, é uma massa feita à mão por apenas três mulheres da mesma família na Sardenha, Itália — e continua sendo um mistério até mesmo para os engenheiros mais experientes.
Com apenas três ingredientes — sêmola dura, água e sal —, o filindeu parece simples, mas seu preparo exige precisão, técnica e, acima de tudo, um legado passado de geração em geração há mais de três séculos. O processo transforma a massa em 256 fios finíssimos, tão delicados quanto cabelos humanos, que se entrelaçam até formar discos rendados, deixados ao sol para secar. O segredo está no toque, na textura, na sensibilidade — algo que nem mesmo sensores de última geração foram capazes de replicar.
Uma receita em extinção
A tradição começou no século XVII, quando um morador local fez uma promessa a São Francisco de Assis. Em sua devoção, construiu um santuário na cidade de Lula e, desde então, milhares de peregrinos caminham até lá todos os anos — não apenas pela fé, mas pela recompensa que os espera ao final da jornada: uma tigela quente de caldo de carne de ovelha, queijo pecorino e, claro, o raro filindeu preparado pela família Abraini.
Com o risco de extinção cada vez mais próximo, a família tem buscado preservar a tradição. Paola permitiu que seu método fosse filmado, e suas sobrinhas começaram a ministrar oficinas ensinando a fazer o filindeu, com uma condição: a receita deve ser respeitada, e suas origens sagradas, honradas.
Em um mundo onde quase tudo pode ser automatizado, o filindeu resiste como símbolo do que nenhuma máquina pode oferecer: a alma, a história e o toque humano de séculos de devoção.
Inscreva-se no canal do IGN Brasil no Youtube e visite as nossas páginas no Facebook, Twitter, Instagram e Twitch! | Siga Vika Rosa no Instagram
Crédito: Link de origem