A Rede Oeste Africana para Edificação da Paz na Guiné-Bissau (WANEP-GB) criticou a polarização da política vigente no país. Para a organização, este cenário divide a sociedade guineense “em amigos e inimigos”.
As observações foram feitas através de uma comunicação proferida no sábado, 27 de julho, sobre a atual situação sociopolítica do país. A coordenadora da organização sub-regional, Denise dos Santos Indeque, destacou que “a relação entre o dinheiro e a política na Guiné-Bissau está a ganhar contornos mais expressivos, na medida em que se propagam as denúncias através das conferências de imprensa e declarações oficiais nos órgãos de comunicação social entre políticos e partidos políticos, envolvidos nos crimes económicos e corrupção”.
“E as suas repercussões nos processos decisórios dos governos e na construção das políticas públicas afetam gravemente as necessidades básicas da população, em detrimento da alocação de recursos em defesa dos interesses privados”, disse a ativista guineense.
Para Denise dos Santos Indeque, “a disputa pelo poder na Guiné-Bissau transformou-se numa constante novela de alianças, de conspirações e manobras entre os diversos partidos e políticos para conquistar o poder, quando na verdade a política deveria servir para as discussões públicas, debates de ideias”.
“E a tal divisão está a gerar um sentimento interno de solidariedade entre aqueles considerados inimigos ontem e amigos hoje, movidos a símbolos, hino, bandeira nacional, em transformar a disputa política em batalha contra o inimigo predefinido a atacar ou mesmo eliminar, ou de quem é preciso defender-se, o que tornou este jogo político, desprovido da sua nobreza e génese sacerdócio, que é servir o povo”, referiu.
A ativista criticou ainda os discursos de ódio nas redes sociais, facto que para ela “requer a política urgente” para sua atenuação.
“Observando o comportamento dos cidadãos nas redes sociais, diante da diversidade de opiniões. A dinâmica do debate acaba por favorecer a manifestação de opiniões extremas e odiosas, nos blogs e redes sociais e mesmo nos debates públicos e nas discussões académicas, tornando a sociedade ainda mais polarizada. E todos os guineenses hoje em dia são reféns do jogo político, o que dificulta seriamente a formação de uma opinião pública séria à volta de uma causa nacional que leva a consenso nacional e coesão social”, anotou.
Na opinião da ativista “um político é um cidadão que assumiu a responsabilidade de realizar o interesse público. Não há responsabilidade histórica maior que a de fazer valer e realizar a vontade e o interesse coletivo”.
“E a falta de ética na política guineense instaurou um estado de conflito e de desagregação, e ameaça fortemente a coesão social e a concórdia nacional”, concluiu.
Mamandin Indjai
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