Guiné-Bissau: Morreram todos os pacientes em hemodiálise no Hospital Simão Mendes

O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Bubacar Turé, denunciou nesta quinta-feira (10/04) que todos os pacientes submetidos ao tratamento de hemodiálise no Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM) teriam falecido. A denúncia, considerada “grave”, levanta questões sobre a qualidade do serviço e a capacitação técnica dos profissionais envolvidos.

Sem especificar o número exacto de óbitos, Bubacar Turé instou os jornalistas a investigarem o caso e levantou algumas questões. “Nós temos informações de que as pessoas que foram submetidas ao tratamento de hemodiálise, praticamente, morreram todas. Por que morreram? Será que há um nexo de causalidade entre a falta de preparação dos técnicos de serviços de hemodiálise e as mortes?”, questionou o presidente da Liga.

A declaração foi proferida durante o seminário do Fórum de Dakar, sobre violência contra mulheres e meninas, organizado pela Coordenação Nacional da Rede dos Media Africanos para a Promoção da Saúde e Meio Ambiente. Turé relembrou que sua organização alertara o governo sobre os desafios técnicos da hemodiálise e questionado se os profissionais estavam devidamente capacitados para realizar o procedimento.

Resposta do Ministério da Saúde

O ministro da Saúde Pública, Pedro Tipote, presente no evento, não refutou a denúncia feita pela LGDH. Tipote incentivou os cidadãos com informações sobre possíveis irregularidades ou crimes no sistema de saúde a apresentarem provas ao Ministério Público. “Gostaria de lançar um desafio a todos que tenham informações e provas sobre crimes no Sistema de Saúde: entreguem ao Ministério Público para que as verificações sejam feitas e os responsáveis sejam responsabilizados”, disse.

Tipote também destacou a importância de investigar as alegações relacionadas às mortes no centro de hemodiálise, prometendo rigor na apuração dos factos.

O histórico do Centro de Hemodiálise

O primeiro centro de hemodiálise da Guiné-Bissau foi inaugurado em 25 de Fevereiro deste ano no Hospital Nacional Simão Mendes, com financiamento do Reino de Marrocos e da Fundação Hamal. Na ocasião, o presidente Umaro Sissoco Embaló garantiu que o serviço teria um impacto significativo na vida dos pacientes renais crónicos, que antes precisavam viajar ao exterior para realizar tratamentos.

Hemodiálise é um procedimento essencial para pacientes com insuficiência renal crónica, pois utiliza uma máquina para filtrar e limpar o sangue, substituindo a função dos rins afectados. Apesar das expectativas geradas pela inauguração do centro, as mortes relatadas colocam em dúvida sua eficácia e gestão.

Preocupante estado da saúde pública

A insuficiência renal é uma das condições mais críticas na Guiné-Bissau. Historicamente, o país enfrentou dificuldades em tratar pacientes com doenças renais graves devido à falta de equipamentos adequados e profissionais especializados. Mesmo após a inauguração do centro de hemodiálise, relatos indicam problemas estruturais e técnicos persistentes.

Além disso, o sistema de saúde guineense enfrenta desafios como falta de recursos financeiros, infra-estruturas precárias e insuficiência de pessoal médico treinado. Segundo a LGDH, essas condições contribuem para altas taxas de mortalidade entre pacientes com doenças graves.

As mortes no centro de hemodiálise expõem fragilidades na gestão da saúde pública na Guiné-Bissau. A denúncia feita pela LGDH reforça a necessidade urgente de maior investimento em treino e formação técnica, fiscalização rigorosa e melhoria nas condições gerais do sistema hospitalar.

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