Guiné-Bissau: Frente Popular convoca manifestação nacional contra o autoritarismo

A Frente Popular convocou uma “mega manifestação nacional” para o próximo dia 25 de Maio, apelando à mobilização da sociedade guineense face àquilo que descreve como uma escalada de autoritarismo, corrupção e degradação das condições de vida no país.

Num comunicado à imprensa, o movimento cívico denuncia a existência de um “crime organizado instalado no Estado”, referindo-se à violação sistemática dos direitos humanos, repressão das liberdades fundamentais, supressão do exercício democrático do poder e confiscação da vontade popular. Acrescenta que tudo isto é sustentado por uma intensa campanha propagandística financiada com fundos públicos, cujo objectivo, segundo a Frente Popular, é “desviar a atenção do povo guineense severamente afectado por uma penúria insustentável”.

Esta comunicação surge no contexto da comemoração do aniversário da primeira manifestação pacífica organizada pelo movimento, que foi duramente reprimida pelas forças de segurança, resultando na prisão de mais de uma centena de activistas e, segundo denúncias de organizações da sociedade civil, submetidos a tratamentos desumanos.

O movimento aponta ainda como factores de agravamento da situação o aumento generalizado dos preços dos bens essenciais; fome e o empobrecimento das famílias; crescimento do êxodo juvenil; e o endividamento público insustentável.

A Frente Popular denuncia também o que considera ser uma “saga autoritária”, onde o regime vigente conta com a cumplicidade de certos sectores que, em nome de interesses próprios, sacrificam o povo guineense, violam a Constituição, destroem a democracia e promovem um poder absoluto alimentado por uma corrupção sem precedentes, lê-se no documento.

As recentes eleições no Supremo Tribunal de Justiça são consideradas pelo movimento como uma “encenação e autêntica burla eleitoral”, destinadas, segundo a Frente Popular, a legitimar o que qualifica de golpe institucional iniciado com a “invasão armada” daquela instituição em Novembro de 2023, alegadamente comandada por elementos a mando do Presidente Umaro Sissoco Embaló.

Liderada por Armando Lona, a Frente Popular exorta o povo guineense, em particular a juventude, a “dar um salto patriótico, vencer o medo e aderir em massa à manifestação de 25 de Maio”.

O movimento informa ainda que os processos e queixas contra os responsáveis do Ministério do Interior e outros autores morais e materiais dos actos repressivos estão em fase avançada junto de instâncias internacionais, prevendo-se notificações em breve.

Dirigindo-se às forças de defesa e segurança, a Frente Popular alerta para os perigos da manipulação político-partidária, que coloca em risco o carácter republicano e institucional das corporações militares e policiais.

A manifestação de rua está a ser organizada em conjunto com o movimento cívico Pó de Terra. No entanto, o governo já se pronunciou, considerando a realização do protesto ilegal, com base na alegada falta de personalidade jurídica das organizações promotoras.

Mamandin Indjai

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