Guiné-Bissau: API – Cabaz Garandi redefine liderança e afasta-se de Sissoco Embaló

A coligação pré-eleitoral Aliança Patriótica Inclusiva (API – Cabaz Garandi) voltou a dar sinais de coesão interna e de distanciamento em relação ao actual Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló. Durante uma reunião realizada na quarta-feira (11 de Junho) em Bissau — com a participação online de Braima Camará, actualmente no exterior — os líderes dos partidos que compõem a coligação chegaram a um consenso sobre a liderança da aliança.

Na reunião foi acordado que a estrutura directiva permanecerá como está desde a saída de Braima Camará, sendo que Nuno Nabian continuará como presidente e Baciro Djá como vice-presidente. Com essa decisão, caem por terra as pressões que eram exercidas por figuras próximas a Baciro Djá, que alegaram publicamente que o mandato de Nuno Nabian estaria expirado há três meses.

Relativamente ao futuro político, os membros da API reiteraram o compromisso com o pré-acordo eleitoral assinado em Paris com a coligação PAI Terra Ranka, descartando assim qualquer aproximação com a Plataforma Republicana ‘Nô Kumpu Guiné’, que apoia a recandidatura de Umaro Sissoco Embaló.

Além da questão da liderança, foram debatidos os nomes que a coligação deverá apresentar nas próximas eleições presidenciais e legislativas. Para as presidenciais de Novembro de 2025, que até o momento existem apenas dois “pré-candidatos”, Nuno Nabian, presidente da APU-PDGB, e Fernando Dias, que lidera uma das alas do PRS. O nome para o cargo de primeiro-ministro já está definido com Braima Camará, que cedo manifestou esta vontade e viu agora a mesma ser confirmada pelos partidos da coligação.

Por sua vez, Baciro Djá, que chegou a ser apontado em alguns círculos políticos como possível presidenciável, não manifestou interesse durante o encontro.

O objectivo da reunião do dia 11 era justamente a definição de uma candidatura presidencial única dentro da coligação, diante da possibilidade real de consenso. No entanto, essa decisão foi adiada, uma vez que a API é signatária do Acordo de Paris com a coligação PAI Terra Ranka, e qualquer avanço nesse sentido exige concertação entre ambas as partes.

Segundo fonte da e-Global, está prevista uma reunião entre as duas coligações na próxima quarta-feira, 18 de Junho. A mesma fonte, no entanto, duvida que se chegue a uma decisão definitiva nessa ocasião, pois a coligação PAI Terra Ranka ainda enfrenta desafios internos. Um exemplo é a corrente que cogita pedir a Domingos Simões Pereira que desista da candidatura, considerando ser uma figura pouco consensual junto do “poder real”, numa alusão à classe castrense.

Contudo, essa intenção enfrenta resistência, inclusive entre os proponentes, já que Domingos Simões Pereira continua a ser o político com maior expressão eleitoral do país. Para evitar conflitos, tudo aponta que a sua candidatura será mantida, o que pode complicar futuras negociações para a escolha de um único candidato presidencial entre as duas coligações.

Aliás, o próprio Acordo de Paris prevê esse cenário. Na ausência de consenso, cada coligação poderá apresentar o seu próprio candidato, comprometendo-se, todavia, a apoiar aquele que passar à segunda volta.

Participação activa de Braima Camará anima API

Um dos momentos mais animadores da reunião, para os dirigentes políticos, foi a participação activa de Braima Camará, que, mesmo fora, do país esteve ligado durante cerca de oito horas. Fontes relataram que Coordenador de uma das alas do MADEM fez intervenções pertinentes e mostrou grande envolvimento com os trabalhos da coligação.

Na mesma ocasião não se discutiu a anunciada reconciliação com Umaro Sissoco Embaló — um processo que parece cada vez mais inviável ou, segundo alguns, definitivamente ultrapassado. O que ficou claro foi o compromisso de Braima Camará com a estratégia política da API.

Sabino Santos

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