Grupo Mulheres do Brasil traz seu “violentômetro” para Portugal | Direitos das mulheres

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O formato é de um marcador de livro. Mas, no cartão distribuído pelo núcleo do Grupo Mulheres do Brasil de Lisboa, o que se vê é um guia para ajudar as vítimas a reconhecerem e identificarem 18 situações que são descritas como violência doméstica e que começam com o abuso e a chantagem emocional e vão até o feminicídio.

Segundo Izabela la Cava, uma das coordenadoras do núcleo, a iniciativa faz parte do crescente número de casos de violência contra mulheres em várias partes do mundo, que, muitas vezes, passam despercebidos, pois existe, na sociedade, um conceito restrito do que é violência. “Muita gente acha que é o soco na cara. Mas há uma série de situações que também representam violência, mas são mascaradas”, afirma. A violência pode ser física, psicológica, moral, patrimonial e sexual.

O cartão com alertas às mulheres, denominado “violentômetro”, parte da ideia de um termômetro em que as várias formas de agressões são definidas por cores, que vão do amarelo ao vermelho, quando a situação é mais grave. No amarelo, se lê: “Cuidado, a violência pode aumentar.” O aviso vem acompanhado das palavras chantagear, mentir, enganar, ignorar, desprezar, ciúme excessivo, ofender, humilhar, intimidar, ameaçar, proibir e controlar. Todas são sinônimos de violência.

No fundo mais avermelhado, o sinal fica mais enfático: “Reaja, denuncie, peça ajuda.” Ele é seguido por atos que reforçam a situação dramática em que as vítimas estão vivendo: destruir bens pessoais, machucar, agredir, empurrar, golpear e chutar. No estágio vermelho, o aviso soa como um grito: “Alerta, sua vida está em perigo”, o que pode ser identificado por situações como confinar, prender, ameaçar com armas, ameaçar de morte, abusar sexualmente, espancar, mutilar e matar — feminicídio.



Marcador de livros funciona é um guia para identificar a violência doméstica
Reprodução

O Grupo Mulheres do Brasil informa que o “violentômetro” é uma adaptação de um marcador criado pelo Instituto Politécnico Nacional do México, em 2011, para chamar a atenção e ajudar as mulheres a reconhecerem quando estão sendo vítimas de violência, rompendo o ciclo de abuso ao pedirem socorro. “É preciso falar sobre o tema, para que as mulheres entendam que podem agir nessas situações, por mais difíceis que sejam”, diz Izabela.

Núcleo em Portugal

O núcleo Mulheres do Brasil de Portugal foi formado em 2017, na esteira da organização criada em 2013 pela empresária Luiza Trajano, proprietária do Magazine Luiza. “Atualmente, somos mais de 1400 em Portugal. E não só brasileiras. Há muitas portuguesas e também mulheres de outras origens”, revela Izabela. Além de Lisboa, há núcleos em Braga, no Porto, no Algarve e em Évora.

O grupo se divide em cinco comitês: defesa dos direitos das mulheres, social, empreendedorismo, saúde e comunicação. Izabela ressalta que o grupo não pretende tomar lugar de outras instituições que atuam no mesmo terreno, mas, sim, ajudá-las para que realizem aquilo a que se propõem. “O Comitê dos Direitos das Mulheres, que combate a violência, não faz atendimento, mas encaminha para entidades parceiras, como a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e a União das Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR)”, detalha.

O Comitê Social trabalha para criar uma sociedade mais justa, com ações para integrar quem tem menos recursos. “Procuramos criar dignidade, por meio, por exemplo, da doação de cestas básicas, de lojas sociais e de ações em comunidades”, explica a coordenadora do grupo. No Comitê de Empreendedorismo, as atividades incluem rodas criativas a cada três meses, com conselhos para ajudar os negócios liderados por mulheres.

“Pretendemos promover o conhecimento dentro do empreendedorismo. Temos desde pequenas empreendedoras que tratam de cabelo e produzem coxinha até negócios de maior dimensão. Convidamos pessoas para falar sobre marketing digital e design, com conhecimentos práticos que podem ajudar a desenvolver os negócios”, relata Izabela. Segundo ela, o empreendedorismo pode ser um caminho para acabar com a dependência econômica, que, muitas vezes, alimenta o ciclo do abuso.

O Comitê de Saúde busca conscientizar as mulheres para a importância de se cuidarem. “A atuação vai no sentido de identificar e resolver os problemas das famílias no âmbito da saúde, o que inclui desde a qualidade da alimentação e a preparação de uma marmita, até ter uma vida mais ativa, como não se esquecer de ir à academia”, acrescenta. Já o Comitê de Comunicação torna públicas as atividades dos outros comitês.

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