
A administração Trump revogou licenças e isenções que permitiam às petroleiras ocidenteais de operar na Venezuela, segundo fontes ouvidas pela agência Bloomberg e pelo The Wall Street Journal. A medida isola ainda mais o presidente venezuelano Nicolás Maduro do mercado mundial de petróleo e intensifica a campanha do governo americano para pressionar Caracas.
Entre as empresas afetadas está a Global Oil Terminals, do magnata americano Harry Sargeant III, um doador do Partido Republicano conhecido por seus esforços para amenizar hostilidades entre os EUA e a Venezuela. Sargeant é frequentador do clube Mar-a-Lago de Trump e mantém relações próximas com o governo venezuelano – Maduro o chama de “abuelo” (avô, em espanhol).
A Global Oil Terminals havia obtido sua principal licença em maio de 2024, e desde então carregava regularmente cargas de petróleo pesado produzido no oeste da Venezuela. Parte desse suprimento é usado para pavimentar rodovias americanas. As três licenças da empresa na Venezuela foram revogadas.
Em carta enviada à Global Oil, obtida pelo The Wall Street Journal, o Departamento do Tesouro dos EUA determinou que todos os pagamentos a entidades venezuelanas devem ser concluídos até quarta-feira (2). “O prazo apertado para pagamento implica uma retirada mais imediata”, disse Sargeant ao WSJ em troca de mensagens.
A espanhola Repsol e a francesa Maurel et Prom também estão entre as companhias que devem encerrar operações no país sul-americano até 27 de maio, disseram as fontes. A decisão também atinge licenças emitidas para empresas venezuelanas de gás que mantêm acordos com a estatal petrolífera PDVSA, segundo uma das pessoas consultadas.
No início de março, o Departamento do Tesouro havia dado à Chevron até o início de abril – um prazo logisticamente desafiador de 30 dias – para se retirar da Venezuela. Porém, a administração estendeu a data para até o fim de maio.
A licença da Chevron, emitida em 2022, era uma peça fundamental da abordagem do presidente Biden, que havia flexibilizado as sanções na tentativa de pressionar Maduro a realizar eleições justas. Maduro realizou eleições em julho do ano passado, mas sua vitória não foi reconhecida pela comunidade internacional que alega que houve fraude no processo.
Isolamento
Com uma campanha de isolamento em curso, Trump emitiu uma ordem executiva esta semana estabelecendo que os EUA começarão a impor uma tarifa de 25% na quarta-feira sobre qualquer país que compre petróleo venezuelano. Compradores de petróleo bruto venezuelano, incluindo a indiana Reliance Industries, já começaram a recuar.
Esta nova abordagem marca uma mudança na política da administração Trump, que inicialmente deu sinais de que moderaria a postura linha-dura adotada durante seu primeiro mandato em relação à Venezuela.
Críticas
Executivos do setor petrolífero americano há muito argumentam que sua saída da Venezuela convidaria a China e outros rivais dos EUA a aprofundar sua presença no país, argumento que os falcões de política externa recebem com ceticismo.
Críticos da abordagem de Trump dizem que a economia venezuelana agora mergulhará em um caos ainda maior, gerando mais migração – exatamente o problema que a administração está tentando resolver.
O Departamento do Tesouro dos EUA se recusou a comentar, e a Casa Branca, o Conselho de Segurança Nacional e o Departamento de Estado não responderam imediatamente aos pedidos de comentário. Repsol, Maurel et Prom e PDVSA também não se manifestaram.
Imigração
A Casa Branca ficou frustrada com o que considerou como resistência do governo Maduro em aceitar de volta imigrantes venezuelanos. Nos últimos dez anos, pelo menos sete milhões de pessoas fugiram das dificuldades econômicas e da repressão política na Venezuela.
“Até esta semana, os venezuelanos não estavam aceitando ninguém”, disse o secretário de Estado Marco Rubio a repórteres durante uma viagem ao Caribe esta semana. “Eles não estavam permitindo que ninguém voltasse. São o único país no hemisfério que se recusava a aceitar qualquer pessoa”, acrescentou.
Autoridades do governo Trump também acusaram Maduro de intencionalmente enviar membros de gangues para os EUA. “Temos razões para acreditar que eles estavam realmente sendo empurrados para os Estados Unidos em grande número pelo regime na Venezuela”, disse Rubio na quinta-feira (27).
Recentemente, a administração Trump enviou mais de 230 deportados, principalmente venezuelanos, para uma prisão em El Salvador, acusando-os de pertencer a uma gangue criminosa violenta.
Com informações da Bloomberg.
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