Governo Lula “tem no DNA” a pauta da integração sul-americana, diz Tebet em reunião a Cepal — Agência Gov
O projeto das Rotas de Integração Sul-Americana foi pauta central do encontro entre a ministra do Planejamento e Orçamento (MPO), Simone Tebet, e o secretário executivo da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), José Manuel Salazar-Xirinachs, nesta sexta-feira (28/03), em Santiago, capital chilena. Durante a reunião, foram discutidas possibilidades concretas de parcerias entre o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) e a Cepal para impulsionar o programa de integração regional.
Tebet aproveitou a visita oficial ao Chile, onde também representou o Brasil na reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) , para detalhar a proposta brasileira. Ela afirmou que o governo Lula “tem no DNA” a pauta da integração sul-americana e pediu apoio na divulgação do projeto que “não é mais um sonho, é uma realidade que está muito próxima de acontecer”.
O secretário da Cepal demonstrou entusiasmo pelo projeto, e afirmou que o futuro reconhecerá claramente “um antes e um depois” a partir da implementação das Rotas de Integração. “Fantástico. Não estava tão claro para mim que este plano já estivesse tão integrado, tão avançado e tão completo. A Cepal é a casa da integração, do sonho da integração econômica”, disse Salazar-Xirinachs.
Desde 2023, a Cepal vem apoiando a Secretaria de Articulação Institucional (SEAI), do MPO, na elaboração das Rotas de Integração Sul-Americana. O secretário João Villaverde participou da comitiva e da reunião e salientou, a exemplo da ministra, que este projeto “é a maior entrega” deste governo. De acordo com ele, fortalecer o comércio intrarregional na América do Sul reduz a dependência de mercados externos e impulsiona o desenvolvimento econômico dos países da região.
Villaverde explicou que o comércio intrarregional na América do Sul é muito baixo na comparação com a Europa, Ásia e América do Norte por isso a relevância do projeto não só para o Brasil como para todos os países que compõem o continente. A expectativa é que, com o avanço das rotas de integração, esse percentual aumente de forma significativa, fortalecendo o intercâmbio econômico.
“Na Europa, 62% dos bens e serviços produzidos na Europa são comercializados na Europa. O comércio intrarregional na Ásia é de 58% e na América do Norte é de 40%. O comércio intrarregional na América do Sul é só de 15%. Então, com as rotas de integração sul-americana, nós podemos e devemos aumentar o comércio intrarregional de bens e serviços produzidos na América do Sul. A Cepal se comprometeu a, não só, apoiar essa política fundamental do MPO, como também fazer um trabalho bem ativo de estimar o comércio intrarregional a partir desse sucesso”, disse Villaverde.
O secretário ainda comemorou o compromisso da Cepal de conduzir um estudo para estimar o impacto dessas rotas sobre o comércio intrarregional na América do Sul, quando estiverem em pleno funcionamento. A comissão também se comprometeu a apoiar ativamente a política liderada pelo MPO, estimando os efeitos comerciais dessas iniciativas e promovendo o intercâmbio de dados e estudos.
Milhões de consumidores
Durante a reunião, Tebet reforçou a prioridade dada pelo governo do presidente Lula à integração regional, destacando não apenas seu valor econômico, mas também social. Segundo ela, a América do Sul oferece um mercado amplo e estratégico: são 200 milhões de consumidores sul-americanos para produtos brasileiros e outros tantos consumidores brasileiros à disposição da região. Uma visão pragmática e objetiva, que reflete claramente o potencial econômico e comercial dessas rotas.
A ministra detalhou ainda o significativo aporte financeiro já garantido para as Rotas de Integração. “Nós fizemos uma carteira com os bancos de fomento, CAF, BID, Fonplata, e o BNDES de US$10 bilhões. Esse acordo foi feito em dezembro de 2023”, afirmou Tebet.
As Rotas de Integração Sul-Americana representam um planejamento inovador e estruturado em cinco grandes eixos logísticos, envolvendo rodovias e hidrovias. Seu objetivo é otimizar a logística regional, fortalecendo a eficiência e a competitividade dos produtos sul-americanos, entre eles commodities agrícolas, minerais e industriais, além de tecnologias avançadas como aeronaves e energia limpa. Este amplo corredor logístico e econômico visa conectar de forma integrada diversos países, possibilitando o fluxo ágil e sustentável de produtos e serviços.
“A rota que vamos inaugurar este ano é a Rota, nós chamamos Rota Amazônica, que eu falo que é a Rota COP-30, porque nós vamos receber a COP-30 agora em novembro, em Belém. Ela é toda fluvial, ela não tem impacto ambiental zero, porque ela é toda pelo Rio Solimões. Faltava a dragagem que está terminando e nós vamos agora, estamos instalando alfândega na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru”, afirmou a ministra.
Além da ministra Simone Tebet, participaram da reunião o embaixador brasileiro no Chile, Paulo Pacheco; e Daniela Benjamin, diretora do Departamento de Integração Regional do Ministério das Relações Exteriores. Pela Cepal, participaram, entre outros, Javier Medina Vásquez, secretário executivo adjunto da Cepal e diretor do ILPES, e Camila Gramkow, diretora interina do Escritório da Cepal em Brasília.
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