Quase um mês após a abertura da campanha de comercialização da castanha de caju, o Ministério do Comércio faz um balanço positivo do processo em curso. A receita do sucesso, segundo o Ministério, prende-se com o preço base de 410 francos CFA (menos de um euro), fixado pelo Governo, para cada quilograma do produto.
O diretor-geral do Comércio Externo, uma das entidades governamentais que acompanham a presente campanha de comercialização, disse à DW que, em várias localidades, o produto já está a ser comprado num preço acima do estipulado pelo Executivo.
“Há mais de 1.200 empresários envolvidos neste processo [de compra da castanha], em diferentes postos, nas aldeias. No processo de escoamento, mais de 400 empresas já solicitaram a licença. Isso demonstra que, depois da abertura das balanças, vamos ter uma avalanche de escoamento da castanha, do interior para Bissau”, perspetiva Lassana Fati.
A castanha de caju é considerada estratégica para a economia nacional guineense, gerando milhões de euros em receitas para os cofres do Estado. No entanto, nem tudo parece andar bem na campanha deste ano.
Alerta dos agricultores
Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Agricultores (ANAG), Corca Djaló, vários fatores podem comprometer a produtividade dos cajueiros.
“Os parasitas já atacaram os cajueiros. E faltam cerca de 45 dias para o início da época chuvosa. Isso pode complicar a produtividade”, avisa Djaló, apontando igualmente para o problema geral das alterações climáticas.
Por outro lado, vários operadores no setor do caju e o Executivo guineense não se entendem sobre algumas medidas governamentais adotadas na campanha de comercialização deste ano.
O setor privado defende a sua participação na fiscalização do processo, como forma de garantir o sucesso da campanha, mas o Governo não aprova essa pretensão.
Base tributária demasiado alta?
O presidente da Associação Nacional dos Intermediários de Negócios (ANIN), Lassana Sambú, critica o Executivo por ter fixado a base tributária em mil dólares (pouco mais de 900 euros) por cada tonelada de castanha.
“Se o Estado controlar a castanha exportada, não precisa de aumentar a base tributária, porque aí o ganho é três vezes maior do que aquele que pode fixar na base tributária”, comenta Sambú.
O diretor-geral do Comércio Externo diz, no entanto, que não se justifica uma diminuição da base tributária: “Neste momento, nós não podemos atender a esta exigência, porque o mercado está muito bom e não se justifica essa redução”, explica Lassana Fati.
A Guiné-Bissau exportou, no ano passado, 163 mil toneladas da castanha de caju, um valor abaixo da expetativa inicial de 200 mil toneladas. Este ano, segundo o diretor-geral do Comércio Externo, o desejo é superar os números de 2024.
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