Governo do Brasil espera dados atuais sobre quantos brasileiros vivem em Portugal | Diplomacia

Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

O Governo do Brasil está à espera dos números definitivos relativos aos imigrantes que vivem em Portugal. Quer saber qual o real tamanho da comunidade brasileira no país, que cresce desde 2017. Há pouco mais de uma semana, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) informou, preliminarmente, que o total de estrangeiros morando em território luso até o fim de 2024 era de 1,546 milhão de pessoas, número que poderia passar de 1,6 milhão quando todas as contas fossem fechadas. O órgão, porém, não detalhou os dados por nacionalidade. O que, segundo disse o presidente da AIMA, Pedro Portugal Gaspar, ao PÚBLICO Brasil, deve ocorrer até o fim deste mês ou no início de maio, no mais tardar, em junho.

Diz o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, embaixador Alessando Candeas, sobre a necessidade de o Governo brasileiro ter em mãos o número preciso de cidadãos do país vivendo em Portugal: “Uma das responsabilidades do Estado é a proteção consular de seus cidadãos no exterior. Para tanto, como para qualquer planejamento de política pública, as estatísticas são um instrumento fundamental de informação. Trabalhamos com estimativas, mas é importante termos os dados oficiais mais precisos”. Portugal abriga a segunda maior comunidade de brasileiros fora do Brasil, atrás dos Estados Unidos. O último dado oficial que o Ministério de Relações Exteriores (MRE) dispõe é de 2023, indicando 513 mil brasileiros em terras lusas.

Ano após anos, os três consulados do Brasil em Portugal — além de Lisboa, há um no Porto e outro em Faro — têm registrado aumento substancial na demanda por serviços. O número de funcionários deslocados para atender essa população não cresce na mesma proporção. Portanto, é necessário um bom planejamento, o que só é possível por meio de estatísticas oficiais e transparentes. Entre os serviços prestados pelos consulados estão de uma simples procuração à emissão de passaportes, de apoio psicológico ao acompanhamento de problemas com a Justiça envolvendo brasileiros. ​Para casos de violência contra mulheres, o consulado de Lisboa criou um espaço exclusivo​. Segundo o Observatório da Mulher Contra a Violência, do Senado Federal, Portugal está entre os países onde as brasileiras mais se queixam de violência doméstica.



Filas para votação nas eleições presidenciais de 2022, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Consulado busca outro local devido ao crescimento do número de eleitores em Portugal
Vicente Nunes

Eleições e economia

O embaixador Candeas tem um trabalho hercúleo pela frente: organizar as eleições presidenciais de 2026 em Portugal, o que exigirá precisão nos dados fornecidos pelo Governo português. Lisboa é o maior colégio eleitoral fora do Brasil e Portugal, o segundo quando considerados os países onde há brasileiros votantes. O cônsul calcula que quase 58 mil votantes já estão registrados junto à representação consular para exercerem o direito previsto na Constituição, um aumento de 28% ante os 45.273 de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva venceu com mais de 60% dos votos. Pelos cálculos do embaixador, o total de eleitores chegará 60 mil.

Diante desse crescimento, o consulado já está à procura de um novo local para abrigar os eleitores, pois, na avaliação do cônsul, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde a votação sempre ocorreu, já não consegue abrigar tanta gente. Em 2022, houve filas enormes em várias seções eleitorais, apesar de todo o planejamento feito pelo então cônsul, Wladimir Valler Filho. Houve necessidade de se estender o prazo de votação, o que foi permitido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido à diferença de horário entre Portugal e Brasil — no período, com Lisboa quatro horas à frente de Brasília.

Além de toda a questão de infraestrutura para que as representações consulares possam atender a comunidade, o Governo do Brasil quer saber o real impacto da presença dos brasileiros na economia portuguesa. “Com certeza, é grande, tanto no mercado de trabalho, quanto nas contas públicas portuguesas, mais especificamente, na Segurança Social”, diz o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro. Somente no ano passado, os trabalhadores brasileiros contribuíram com quase 1,4 bilhão de euros (R$ 8,4 bilhões) para o sistema previdenciário luso, 25% a mais que no ano anterior.

Também os investimentos originários do Brasil estão espalhados por quase todos os setores da economia portuguesa, que, em 2024, cresceu 1,9%, o dobro da média de 0,8% da União Europeia. “A contribuição dos brasileiros para o desenvolvimento de Portugal é visível, inclusive na questão demográfica”, frisa Carreiro. Por isso, Brasília está de ouvidos abertos aos dados que serão divulgados pela AIMA. Por lá, arriscam a dizer que a comunidade brasileira em território português deve estar oscilando, atualmente, entre 700 mil e 800 mil cidadãos. Com Felipe Eduardo Varela

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.