O secretário-geral do Ministério da Saúde da Guiné-Bissau, Suande Camará, disse esta terça-feira à agência Lusa que compreende as reivindicações dos profissionais de saúde que exigem o pagamento de salários em atraso, garantindo que a situação será resolvida em breve.
“Quem trabalha e não recebe, não é bom. Essas pessoas todas estão a reivindicar, algumas sobre o salário e outras sobre as melhorias de condições de serviço. Eu compreendo”, declarou Camará.
Camará comentava dois dos principais motivos invocados por vários sindicatos do setor da saúde guineense para fazer greve ou anunciar paralisações laborais nos últimos tempos.
Técnicos suspensos
Em finais de 2024, o Governo suspendeu de funções um grupo de 230 técnicos do setor da saúde, dos denominados novos ingressos, alegando que a sua integração na Função Pública tinha ocorrido de forma ilegal.
Os sindicatos exigem a sua reintegração e ainda o pagamento de 15 meses de salários correspondentes ao tempo em que trabalharam nos hospitais e centros de saúde do país.
A suspensão de funções destes técnicos tem sido um dos motivos das greves dos profissionais, mas o secretário-geral do Ministério da Saúde afirmou que “ninguém foi suspenso” e que a reintegração está a ser tratada pelo Ministério das Finanças e por uma instituição internacional.
O que está em causa, disse Camará, é a sua integração “de forma legal” na Função Pública.
“Ninguém vai ficar de fora”, garantiu.
Nomeações contestadas
Os sindicatos da saúde também exigem a cessação de nomeações políticas de diretores e administradores sem formação médica.
Em março, o sindicato do Hospital Regional de Bafatá ameaçou paralisar os serviços se o Governo não demitisse o diretor do hospital, alegadamente um professor primário.
O hospital Simão Mendes, em Bissau, é citado como barómetro da situação no setor.Os sindicatos exigem a nomeação de um novo diretor-geral. A greve geral prevista para esta semana foi suspensa a pedido do Governo, que prometeu resolver o problema.
Camará confirmou que será nomeado um novo diretor, mas rejeitou que a falta de formação médica de nomeados seja motivo válido para greve.
Por fim, a Frente Social – que inclui sindicatos da saúde e educação – acusa o Governo de priorizar a defesa e segurança e não descarta novas greves se não houver soluções. Também exige melhores condições e segurança nos hospitais, onde se relatam furtos, assaltos e agressões.
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