Governo cabo-verdiano defende integração de imigrantes face a défice de mão-de-obra

O ministro cabo-verdiano com a pasta do Desenvolvimento Social defendeu, na terça-feira, que o arquipélago deve preparar-se para receber imigrantes, numa altura em que setores de atividades fundamentais sofrem com falta de mão-de-obra.

“Está claro, hoje, para todos: Cabo Verde está com um défice de mão-de-obra em vários setores fundamentais”, tais como “a construção civil e agricultura”, que “já estão a dar sinais claros neste sentido”, referiu Elísio Freire, ministro de Estado, da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social de Cabo Verde.

O governante discursava numa conferência sobre mobilidade climática, promovida pela Presidência da República.

“O país tem de se preparar para receber cidadãos de outros países que procuram o nosso para trabalhar, que eventualmente venham movidos pela alterações climáticas, mas que Cabo Verde tem de estar em condições de receber”, referiu, num excerto transmitido pela televisão pública.

Elísio Freire considerou “fundamental” que o arquipélago tenha “uma capacidade [de acolhimento] que o III Plano Nacional de Imigração” tem dado ao país, “conjugado com a recente Diretiva de Ação para a Migração Laboral e o Recrutamento Ético” — instrumentos do Governo que devem servir como “bússolas de ação do Estado de Cabo Verde”.

Numa nota publicada no portal do Governo, o ministro apontou que os próprios cabo-verdianos “são historicamente migrantes climáticos”, que a aridez do território e a escassez de recursos naturais têm impulsionado “para fluxos migratórios à procura de melhores condições de vida”.

“O compromisso de garantirmos uma mobilidade segura, ordeira e sustentável passa por conhecermos melhor este fenómeno e integrá-lo nas nossas políticas públicas”, acrescentou, apontado o caso da imigração oriunda da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

A falta de mão-de-obra nalguns setores e as migrações têm sido temas de debate recorrente em Cabo Verde.

O chefe de Estado, José Maria Neves, alertou no início do ano para a saída de cabo-verdianos do arquipélago, apelando à necessidade de análise dos impactos.

“É importante que face a esta saída tenhamos inteligência para analisar os impactos no tecido económico, na produtividade, competitividade da nossa economia, na vida das nossas universidades e comunidades”, afirmou, em janeiro.

Sociólogos cabo-verdianos ouvidos pela Lusa, na altura, consideraram um risco para o arquipélago haver cada vez mais pessoas a pensar em emigrar, segundo o mais recente inquérito dedicado ao tema, apelando a uma gestão cuidada com Portugal.

Em dezembro, um estudo da Afrosondagem indicou que 64% dos cabo-verdianos (dois em cada três) já consideraram emigrar, mais sete pontos percentuais que no último inquérito, sete anos antes.

A procura de emprego é o principal motivo para os cabo-verdianos ponderarem outras paragens, sendo Portugal um dos destinos mais procurados.

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