Os meios de comunicação locais adiantaram que membros de gangues libertaram dezenas de reclusos no ataque em grande escala que teve como alvo partes de Mirebalais, a apenas 48 quilómetros a nordeste da capital, Porto Príncipe.
Num vídeo publicado nas redes sociais, vê-se um homem a erguer uma arma automática enquanto pessoas à sua volta gritavam: “Libertamos os prisioneiros!” e “Não nos podem parar!”
Pelo menos 530 prisioneiros escaparam, segundo Arnel Remy, advogado e coordenador geral do Coletivo de Advogados para a Defesa dos Direitos Humanos do Haiti.
O ‘site’ de notícias online Vant Bèf Info noticiou que as autoridades fecharam escolas na zona e que um grupo de autodefesa ajudou a polícia a combater gangues que tentavam controlar toda a cidade.
Fedlin Jean, jornalista da Radio Vision 2000, relatou que homens armados atacaram antes do amanhecer.
“O povo de Mirebalais fez o melhor que pôde para defender Mirebalais, mas não conseguiu resistir ao ataque”, disse.
Jean relatou que pelo menos dois civis que faziam parte de um grupo de vigilantes ficaram feridos e que vários alegados membros de gangues foram mortos.
“Mirebalais ficou vazia”, realçou também, acrescentando que as pessoas fugiram para uma cidade próxima enquanto os gangues queimavam casas, carros e edifícios.
Jean disse que, nos últimos três meses, a população de Mirebalais pediu às autoridades que enviassem mais polícias porque ouviram rumores de um ataque iminente.
Referiu também que os alegados membros de gangues utilizavam t-shirts vermelhas com os nomes “Talibã” e “Mawozo” estampados nas costas.
Talibã é o nome de um gangue liderado por Jeff Larose que opera em zonas como Canaã, em Porto Príncipe. Mawozo refere-se ao gangue dos 400 Mawozo, que traduzido significa aproximadamente 400 simplórios. É liderado por Joseph Wilson, mais conhecido por Lanmo Sanjou, que traduzido livremente significa “a morte não tem data”.
Ambos os gangues fazem parte de uma poderosa coligação conhecida como “Viv Ansanm”, que se formou em setembro de 2023 e foi responsabilizada por ataques em grande escala no ano passado, que acabaram por forçar Ariel Henry a renunciar ao cargo de primeiro-ministro. A coligação foi também acusada de lançar ataques contínuos em Porto Príncipe este ano.
Os meios de comunicação locais informaram que os gangues também atacaram hoje a cidade vizinha de Saut-d’Eau, localizada a oeste de Mirebalais.
É considerado um local sagrado, com uma exuberante cascata que atrai milhares de haitianos todos os anos para uma peregrinação vodou-católica.
O SPNH-17, um sindicato da polícia haitiana, lançou na rede social X hoje de manhã um “apelo urgente sobre a grave situação que se está a desenrolar” em Mirebalais e Saut-d’Eau.
Pediu que as autoridades disponibilizassem todos os recursos “para evitar perder mais território para os gangues”.
“Sodo e Mibalè não devem cair!” escreveu o sindicato, referindo os nomes de ambas as cidades em crioulo haitiano.
Estima-se que atualmente os gangues controlem cerca de 85% de Porto Príncipe.
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