A cidade de Bissau acordou, este sábado, com um forte dispositivo policial espalhado pelas ruas, sem sinais das duas manifestações anunciadas, uma pró e outra contra o regime do país, e sem Internet.
A desmobilização dos protestos devido à presença da polícia tem sido uma constante nos últimos meses em diversas manifestações convocados, mas é a primeira vez que as iniciativas coincidem com uma falha generalizada nas comunicações.
Ao final da manhã, a Frente Popular, uma plataforma que junta grupos de mulheres, de jovens e de sindicatos, e que é a organizadora do protesto contra Umaro Sissoco Embaló, fez saber que “mais uma vez, contra todas as disposições legais, as forças a mando da ditadura a desgovernar a Guiné-Bissau sequestraram dezenas de cidadãos indefesos que se estavam a mobilizar em diferentes artérias de Bissau para a manifestação”.
No mesmo comunicado, a Frente Popular diz estar a preparar uma comunicação pública para dar o ponto de situação sobre a manifestação e explicar “as diligências feitas durante a semana junto do Ministério do Interior para que não acontecesse nada semelhante à barbárie cometida pelo regime na manifestação pacífica realizada no passado 18 de maio”.
Cortes na internet
“Para impedir que as informações sobre os sequestros em curso sejam difundidas pelos meios de comunicação social e pelas redes sociais, o regime pôs em curso uma estratégia de limitação e cortes das redes da Internet em toda a Guiné-Bissau”, lê-se no mesmo documento.
A Frente Popular termina, exigindo “a libertação imediata e incondicional de todos os manifestantes sequestrados”.
Desde cerca das 07:30 que não há dados móveis nas duas operadoras que servem o país e há falhas na rede fixa, o que impossibilita o uso do principal meio de comunicação dos guineenses, o serviço de WhatsApp.
A falta de acesso à internet é evidente nas páginas online dos órgãos de comunicação social locais, que ainda não foram atualizadas no dia de hoje, até por volta das 11:00, hora local.
Tal como aconteceu em maio, a manifestação dos apoiantes do presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, foi convocada pela Plataforma “Firkidja di Povo” (Forquilha do povo), enquanto a dos opositores foi iniciativa da Frente Popular com o lema “Republika i anos” (A República é nossa).
Nesta manifestação, foram detidos pela polícia cerca de 100 ativistas da Frente Popular, alguns dos quais estiveram encarcerados durante 10 dias.
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